Após a desistência de uma concorrente no edital de chamamento público, a MCT Transportes Ltda assumiu a execução do serviço de recolhimento de resíduos sólidos provenientes da enchente em Porto Alegre. Desde segunda-feira (24), a empresa já transporta o lixo de três depósitos temporários (chamados pela prefeitura de "bota-espera") próximos das regiões que foram inundadas para aterro em Gravataí, na Região Metropolitana. Nesses locais, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) descarrega o que foi coletado das ruas da cidade.
Nesta terça-feira (25), a reportagem de Zero Hora circulou pelos três bota-espera para conferir o serviço. A ação da empresa envolve a carga e transporte de resíduos que restaram dos escombros da enchente de maio, com disponibilização de equipamentos, caminhões e mão de obra, inclusive operadores e motoristas.
O primeiro bota-espera visitado fica situado na Rua Voluntários da Pátria, 3522, perto da Avenida Cairú. O segundo também está localizado na Voluntários da Pátria, esquina com a Rua Seis, perto da Arena do Grêmio, enquanto o terceiro fica na Avenida Loureiro da Silva, nas proximidades do prédio da Receita Federal e perto da esquina com a Avenida Augusto de Carvalho.
Os terrenos dos dois espaços situados na Rua Voluntários da Pátria pertencem à prefeitura. O prazo para a limpeza e desocupação deles é de 30 dias. Já o da Avenida Loureiro da Silva, em frente à plataforma do antigo projeto do Aeromóvel, foi cedido ao Executivo municipal pela Polícia Federal. Neste, o prazo para a conclusão dos trabalhos é de 45 dias. A MCT Transportes já retirou mil toneladas de resíduos dos três na segunda-feira.
— A importância desse trabalho é fundamental. É uma questão de saúde, estamos acelerando as contratações, tentando desmobilizar o mais rápido possível (esses depósitos temporários) para que possamos restabelecer a normalidade da cidade — afirma o secretário adjunto municipal de Parcerias, Jorge Murgas.
Os três depósitos temporários, que não recebem mais resíduos, acumulam em torno de 25 mil toneladas de lixo. Porém, a reportagem testemunhou material ainda sendo deixado em dois deles nesta terça. Na sequência, o resíduo é levado por caminhões da empresa responsável pelo serviço ao aterro situado na Estrada Abel Souza Rosa, em Gravataí. No local, tudo é pesado e depositado.
O movimento era intenso no bota-espera da Voluntários da Pátria, 3522. Dois caminhões estavam sendo carregados de resíduos e duas retroescavadeiras e um trator auxiliavam no processo. Era possível ver montes elevados de materiais descartados pela população depois da enchente atingir suas casas.
O encarregado da MCT Transportes, Rafael Kuhn, acompanhava o serviço no local. Segundo relata, 40 pessoas, mais 30 caminhões e outras máquinas, participam da operação nos três depósitos temporários. A empresa tem sede em Flores da Cunha, existe desde 2012 e transportou resíduos da cheia do Vale do Taquari no ano passado.
— É triste ver a cidade nesta condição que está hoje, mas é muito gratificante poder ajudar da melhor forma possível — compartilha Rafael Kuhn.
No segundo depósito, a montanha de lixo chamava atenção de longe. Seis retroescavadeiras e dois tratores operavam no local. Dois caminhões chegaram em sequência: um com dois contêineres de lixo em cima, e outro carregado de embalagens de garrafinhas plásticas de diversos produtos. Colchões e tecidos estavam em meio ao lixo armazenado no espaço.
Por sua vez, na Avenida Loureiro da Silva, a movimentação era mais tranquila. Apenas um caminhão vermelho e uma retroescavadeira podiam ser vistos enquanto a reportagem esteve no lugar. Neste depósito, havia muitas cadeiras de escritório e partes de mesas destruídas pela cheia do Guaíba. Ao fundo, se veem importantes edifícios públicos de Porto Alegre. O cheiro nauseante se acentua de acordo com a direção do vento. A lama toma conta do piso de praticamente todo o terreno. A situação é semelhante nos demais espaços visitados.
Em relação ao lixo que ainda está nas ruas da cidade, a prefeitura não tem previsão de quando a limpeza será totalmente concluída. Já foram contratados mais de 460 equipamentos, o que já superou o valor de R$ 60 milhões.
Saiba mais
A contratação da MCT Transportes Ltda pela prefeitura dispensou licitação, conforme a legislação vigente, em três lotes para atender os locais distribuídos em diferentes pontos da Capital. O serviço terá prazo de execução de 30 a 45 dias, segundo o Termo de Referência, e de acordo com cada lote de bota-espera. O valor investido pela prefeitura para a limpeza dos três lotes supera os R$ 2 milhões.