As 250 moradias provisórias anunciadas pelo governo do Estado para Eldorado do Sul serão instaladas no Parque Eldorado. A assinatura do convênio entre prefeitura e Estado deve ser realizada nesta sexta-feira (21), mas ainda não há previsão para que as obras comecem no local.
A escolha da região, entretanto, gerou reação de um grupo de pessoas que vive no bairro e elaborou um documento elencando a falta de condições da região. Entre os problemas citados, está a falta de serviços básicos, como água encanada, sistema de esgoto, transporte público e unidade de saúde com atendimento 24h. Conforme o Grupo de Apoio ao Parque Eldorado (Gape), escolas e creche da região também não possuem vagas e não há oferta de emprego.
— Tem uma unidade de saúde aqui que está em reforma, que já não supre os moradores do Parque. Se alguém quiser, por exemplo, trabalhar em Porto Alegre, vai gastar R$35 para ir e voltar. A estrutura que eles tinham lá na parte urbana de Eldorado do Sul não vão ter aqui — pontua Gerson Carvalho, morador do bairro.
Ele acrescenta:
— Sempre ficamos subjugados aqui na questão da administração. Não vai ser diferente com a vinda dessas pessoas para cá. Então, o mote principal dessa questão toda é que essas pessoas sejam acolhidas, sejam alocadas num espaço onde a vida delas possa ter um mínimo de similaridade com a vida que tinham antes nas casas em que moravam.
A prefeitura de Eldorado do Sul reconhece que há condições precárias no bairro. Conforme o vice-prefeito, Ricardo Alves, a preferência da administração do município era que as moradias fossem instaladas na parte central, mais próximo à prefeitura. Entretanto, a região faz parte da mancha alagável da cidade.
— O Parque Eldorado é mais seguro, mas ele possui uma infraestrutura mais incipiente, de escolas, de saúde, transporte coletivo, comércio, sistema financeiro. É um local um pouco mais retirado. Mas, da forma que está hoje, ou leva para lá, para o Parque Eldorado, ou acaba tendo que abrir mão do projeto. Pelo que eu entendo, é quase isso, porque o governo do Estado deixou claro que, se existe qualquer risco de inundação, não é possível fazer o projeto — explicou o vice-prefeito.
Cerca de 80% de Eldorado do Sul foi atingido pela enchente. Na área urbana do município, 95% das residências sofreram com a invasão da água.
Em nota, o governo do Estado alegou que a equipe técnica da Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária (Sehab) fez vistoria no local, verificando que a área atende aos requisitos para a colocação das moradias, principalmente por estar fora da mancha de área alagável. Em relação à infraestrutura do bairro, o governo do Estado alegou que uma obra de preparação dos terrenos fornecerá acessos, iluminação, água e esgoto.
Planejamento
As pessoas que serão encaminhadas às moradias provisórias em Eldorado do Sul ainda não foram definidas. De acordo com a prefeitura, a prioridade é que o projeto atenda as cerca de 200 pessoas que estão em abrigos de Eldorado, outras que estão em abrigos de municípios vizinhos e as famílias que perderam a residência e seguem sem ter para onde ir. Mesmo assim, a prefeitura estima que cerca de 1,5 mil famílias irão necessitar de uma nova casa.
— O município vai ter um olhar especial à situação e às condições em que eles estarão, dar um atendimento assistencial e psicológico constante, ajudar na questão de necessidades básicas. O município vai ter que adaptá-los no local até que eles tenham alguma autonomia e, ou no mínimo, até que eles já possam vir para o Centro — garantiu o vice-prefeito.
Ainda segundo Ricardo Alves, o município está trabalhando com o governo federal para, em um segundo momento, conseguir oferecer uma casa definitiva no centro da cidade, fazendo parceria com empreendedores do ramo imobiliário para residências que serão incluídas em programa específico.
— Provavelmente, essas pessoas serão as primeiras a terem essa realocação de volta aqui para o centro da cidade — projetou Alves.
Moradias provisórias
As moradias provisórias — com 9m de largura e 3m de profundidade — têm espaço interno de 27m². O espaço é dividido em um quarto, uma sala conjugada à cozinha e um banheiro. O projeto prevê que até seis pessoas vivam em cada moradia provisória.
Conforme o governo do Estado, as casas temporárias são feitas no formato de construção modular, com chassis metálicos. As estruturas já vêm com mobiliário planejado e eletrodomésticos.
Além das 250 anunciadas para Eldorado do Sul, outras 150 serão alocadas em municípios do Vale do Taquari e outras cem em cidades da Região Metropolitana.