O diretor-presidente da Trensurb, Ernani Fagundes, disse que a Estação Farrapos deve levar pelo menos cinco meses para voltar a operar. A nova estimativa foi dada nesta terça-feira (11), em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
— Para o trem chegar até a Estação Farrapos, não trabalhamos com prazo inferior a 150 dias, porque dependemos de substituição de retificadores e equipamentos que não têm de prateleira e não são fabricados no Brasil — explicou.
Fagundes afirma que a Trensurb tenta buscar soluções em outras operadoras do país para adquirir os itens que faltam e acelerar o processo. Atualmente, os trens circulam entre as estações Mathias Velho, em Canoas, e Novo Hamburgo, com intervalos maiores, de 35 minutos, entre as viagens.
O diretor salientou que as estações Mercado, Rodoviária e São Pedro continuam inundadas, não sendo possível estabelecer um prazo concreto para reabertura.
— Estamos operando até Mathias Velho. Mas de Canoas até a o aeroporto, as estações estão em ótimo estado, recuperadas e limpas. O que ocorre, para virmos com o trem até a Estação Farrapos, é a questão da energia das subestações Mercado, Rodoviária e São Pedro, que estão completamente inundadas. Toda a estrutura, de bilheterias a salas de equipamentos e casa de bombas, foi inundada. Não conseguimos acessar ainda. Virou um poço. Estamos com água há mais de 20 dias. Assim que conseguirmos esgotar essa água, vamos ingressar com a limpeza profunda dessas estações para ter uma avaliação do nível de prejuízo — comentou Fagundes.
A enchente também prejudicou os trilhos nas áreas que ficaram submersas, por isso será necessária uma substituição.
— Nosso trilho é em cima de um lastro de brita e dormentes. Esse sistema permite um equilíbrio do peso do trem. Quando ocorre uma inundação, que há um assoreamento da via, precisamos substituir o lastro da via. Estamos fazendo uma inspeção visual. Já havíamos sofrido duas inundações, em setembro e em novembro, que prejudicaram bastante a nossa via na bacia metroferroviária, na parte do DC Navegantes. Passamos a operar com velocidade reduzida, de 50km/h para 30km/h depois dessas duas inundações, o que atrapalha a operação e gera atrasos. Mas, para ter uma operação segura, reduzimos a velocidade. Agora, a inundação foi total ali, e vamos ter que substituir toda a faixa de trilhos, dormentes e britas - prevê o diretor.
De acordo com Fagundes, são cinco subestações que retificam a energia que chega em corrente alternada para corrente contínua, que é a utilizada para movimentar a frota. Para ele, a retomada completa só vai acontecer quando houver plena segurança energética e de trânsito na na via que foi bastante afetada.
O diretor ainda argumentou que o cenário poderia ser pior se a frota não tivesse sido resgatada.
— A Trensurb só teve condições de voltar a operar graças à decisão coletiva que permitiu que a gente salvasse toda a nossa frota, de 40 trens, são 15 novos e todos foram salvos porque acompanhamos os boletins e na sexta-feira (3 de maio) a partir das 16h, interrompemos a operação e trouxemos todos para a via elevada, onde dificilmente a água atingiria nossos trens — frisou.
Uma reunião está marcada para esta quarta-feira (12) para fazer um diagnóstico mais aprofundado sobre as falhas que precisam ser solucionadas e para estabelecer prazos de execução dos serviços e o custo para a manutenção.