O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) de Porto Alegre deverá contratar mais pessoas para trabalhar no recolhimento dos resíduos pós-enchente e na higienização da cidade. De acordo com o diretor-geral do órgão, Carlos Alberto Hundertmarker, um estudo está sendo feito para avaliar as admissões.
— Já são mais de 350 equipamentos operando em contratos realizados pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, mas, claro, além desses equipamentos, eu preciso de pessoas para poder fazer a limpeza, fazer a escovação das ruas, fazer a varrição, e bem como fazer a retirada do que sobra das máquinas para os caminhões — explicou Hundertmarker.
Em cerca de um mês, desde o dia 6 de maio, foram recolhidas 35 mil toneladas de resíduos das ruas da Capital. Nesta quarta-feira (5), as equipes passaram por 30 pontos da cidade, sendo principalmente nos bairros Lami, São Geraldo, Floresta, Humaitá e Sarandi. Conforme o diretor-geral do DMLU, Carlos Hundertmarker, o trabalho será mais pesado ficará concentrado na Zona Norte e nas Ilhas.
— É importante destacar que nós não temos uma previsão de parar, porque cada pessoa tem o seu tempo de fazer esse descarte correto. Em alguns bairros, nós já diminuímos a volta deste trabalho. Nós estamos já finalizando em algumas áreas e focando muito na zona norte de Porto Alegre, Quarto Distrito e Ilhas, porque o desafio é grande. São as áreas que agora estão baixando as águas.
A reportagem de GZH esteve nos bairros São Geraldo e Floresta entre o final da tarde e o início da noite. Um caminhão coletava entulhos na Rua Conde de Porto Alegre, mas a região segue com muito acúmulo de lixo em diversos pontos, como nas avenidas Rio Grande, São Pedro, Polônia e na Rua Santos Dumont e arredores.
Nos próximos dias, o DMLU também deve anunciar dois novos locais de descarte do chamado "bota-espera". Conforme Hundertmarker, os novos pontos deverão ser na Zona Norte.
— Nossos caminhões de menor porte circulam pela cidade pra trazer mais agilidade, descarregam esses resíduos inertes, oriundos das enchentes, nessas áreas chamadas de bota-espera e, logo, são encaminhados para o destino correto, contratado lá em Gravataí.
Por enquanto, são quatro terrenos disponíveis:
- Centro Histórico - Avenida Loureiro da Silva, 678 (ao lado da Receita Federal) - 8h às 22h;
- Serraria - Avenida da Serraria, 2517 - 8h às 18h;
- Humaitá – Rua Voluntários da Pátria, 314, Acesso 4 - 8h às 18h;
- São Geraldo – Avenida Cairú esquina com Rua Voluntários da Pátria - 8h às 18h.
Dias de limpeza
Cesar Szewczyk trabalha em uma marcenaria que fica localizada na Rua do Parque, no bairro São Geraldo. Ele e os dois sócios começaram a limpar o local na segunda-feira (3), quando os alagamentos começaram a recuar na região. Dentro da oficina, a água chegou a um metro e meio.
— Quando a gente abriu, foi aquela surpresa: tudo jogado. A água subiu o suficiente para estragar o que tinha lá dentro. Maquinário, material, serviço pronto, serviço para ser entregue. Mas não tinha o que fazer, né? O negócio era fugir pra não morrer junto aí dentro — lamentou.
Em frente à marcenaria móveis prontos, a bancada de trabalho, uma chapa inteira e muito material se acumulam em uma pilha que, agora, virou entulho.
— Vamos tentar salvar a máquina principal, mas acho que 80% vai fora. Também não tem nem perspectiva de retomar o serviço, porque enquanto não tiver pronto o ambiente aqui, não dá para produzir. Os fornecedores também perderam a loja, então não tem como emitir nota, não tem como fazer uma venda. Não tem transporte. Nada, não tem nada. É o caos, assim, 100%.
De acordo com Cesar, pelo menos desde segunda-feira nenhum caminhão passou recolhendo o que foi retirado de dentro da marcenaria.