O cumprimento de uma reintegração de posse em um prédio no Centro Histórico de Porto Alegre, que iria ocorrer nesta segunda-feira (3), foi adiado. O imóvel está ocupado por cerca de 120 pessoas. O grupo, que afirma ser vítima da enchente, é composto por moradores de localidades como os bairros Humaitá, Sarandi e Arquipélago, em Porto Alegre, e Eldorado do Sul, na Região Metropolitana.
A ocupação ocorreu no dia 26. Formado por duas torres, de 8 e 6 andares, o espaço já funcionou como um hotel, o Arvoredo House Hotel, que fechou. Há acessos pelas ruas Fernando Machado e Demétrio Ribeiro.
— A nossa ideia não é ficar permanente aqui, mas até o governo achar uma alternativa. A gente paga imposto e não quer conflito, mas ficar em abrigo não vamos. Já estamos sofrendo com a questão da enchente, de perdas de família, de perda de patrimônio. E aí tu ainda vai perder tua dignidade ficando com um monte de família que tu não tem afinidade? — argumenta Alexsandro Fernandes, um dos líderes da ocupação.
Na manhã desta segunda-feira (3), uma oficial de Justiça esteve no local, com apoio de agentes da Polícia Civil, para cumprimento de ordem de reintegração. Porém uma negociação adiou a ação.
— Toda desocupação, ainda que por mandado judicial, tem que observar certos parâmetros. Não é possível que se faça desocupação, legalmente, sem encaminhar as pessoas, principalmente as pessoas que são consideradas vulneráveis, para um local de moradia adequado. E não havia uma indicação de qual local as pessoas poderiam ter uma moradia a partir dessa saída — afirma a defensora pública do Estado Alessandra Quines, coordenadora do Centro de Referência em Direitos Humanos da Defensoria Pública.
Pelo acordo firmado, a reintegração fica adiada, no mínimo, até a próxima quarta-feira (5), quando deve acontecer uma audiência pública na Assembleia Legislativa. O imóvel é de propriedade da Arvoredo Empreendimento Imobiliário SPE Ltda. A reportagem tenta contato com os proprietários.