O rompimento de uma comporta do muro de contenção do Guaíba na Avenida João Antônio Maciel, próximo ao acesso para a Avenida Sertório, na manhã desta sexta-feira (3), acendeu um alerta para as autoridades de Porto Alegre. Em coletiva de imprensa, o diretor do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Maurício Loss, pontuou que as estruturas de contenção a cheias da cidade nunca receberam tamanho volume de água.
Às 17h desta sexta, o Guaíba havia atingido 4m58cm na régua instalada na altura do Cais Mauá. Esta já é a segunda maior marca alcançada, atrás apenas dos 4m76cm da enchente de 1941.
Além da comporta 14, que se rompeu, há outras duas, a 11 e a 12, também localizadas na Zona Norte, em monitoramento. Equipes da prefeitura trabalham no local montando barricadas com sacos de areia e fazendo reparos nas estruturas.
No ano passado, o portão 13, que fica próximo à antiga ponte do Guaíba, também não suportou a pressão da água e rompeu. Naquela madrugada, a água havia alcançado a marca de 3m41cm.
Segundo o professor do Instituto de Pesquisa Hidráulicas (IPH) da UFRGS, Fernando Mainardi Fan, há uma projeção de que a água alcance de 5m a 5m50cm se a bacia continuar no atual ritmo de elevação. A proteção da Mauá foi construída para suportar uma cota de até 6m.
O pesquisador do IPH reitera que, devido à atual velocidade da subida, a cidade deve estar preparada para evacuação quando chegar à cota de 5m e, com 5m50cm, a retirada da população já deve estar concluída. Ele estima que, em caso de inundação, a água possa levar até uma semana para baixar.
— O risco de rompimento é baixo, mas o que estamos vendo são algumas comportas rompendo. Essa é a primeira vez que essas comportas são sujeitas a essa pressão. Em setembro de 2023, a cheia foi rápida, dessa vez a gente acha que a cheia vai ser maior — explica.
O hidrólogo da Sala de Situação do Estado, Pedro Luiz Camargo, lembra que o sistema de contenção de cheias da Capital foi projetado há mais de cinco décadas e afirma que a estrutura tem capacidade para suportar o volume de água atual.
— Acreditamos que a estrutura foi bem dimensionada e vai cumprir sua função. A situação das comportas que é mais crítica — diz.