Das 18 bombas flutuantes enviadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), quatro já estão em operação em zonas alagadas do Rio Grande do Sul. Duas delas foram instaladas em Porto Alegre e outras duas em Canoas, auxiliando na drenagem de regiões de enchentes.
A primeira remessa de bombas, contendo os quatro equipamentos, chegou no final de semana ao Estado, trazida por aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). A Sabesp informou que cada aeronave comportou duas máquinas de sucção. Uma bomba pesa 10 toneladas e tem capacidade para drenar até 2 mil litros de água por segundo.
Das 14 restantes, a Sabesp disse que quatro já chegaram ao Estado, trazidas em comboios de carretas das Forças Armadas. As máquinas foram transportadas em módulos até o 3º Batalhão de Suprimento do Exército, em Nova Santa Rita, onde chegaram na segunda-feira (20) à noite. As outras 10 têm previsão de desembarque nesta terça-feira (21).
Antes de operar, elas serão pré-montadas por técnicos da Sabesp. O processo de preparação é complexo e leva cerca de 24 horas. A companhia enviou à Região Metropolitana 57 técnicos que, além de atuar nesta montagem das bombas flutuantes, vão auxiliar em reparos de outras estruturas do sistema de saneamento local.
Dentre os equipamentos emprestados, nove serão utilizados em Porto Alegre, oito em Canoas e um em Novo Hamburgo. Havia a previsão inicial de que a Capital ficaria com 10, mas foi atendido o apelo da prefeitura hamburguense, com a cedência de uma.
Porto Alegre
A primeira bomba começou a operar em Porto Alegre às 17h30min de domingo (19) e a segunda, às 2h da madrugada de terça-feira (21), informou a Sabesp. Ambas foram instaladas no mesmo local: à margem da freeway, entre os quilômetros 88 e 89, na altura da Estação de Tratamento de Esgoto Sarandi (ETE-Sarandi), próximas das instalações da Coca-Cola e do prédio da Fecomércio. Também fica nessa região a casa de bombas número nove.
Diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), Maurício Loss afirma que a expectativa é receber mais duas bombas pré-montadas nesta quarta-feira. As instalações finais, como conexão com o gerador, são feitas no campo de trabalho. Elas vão ser instaladas no mesmo ponto da freeway, totalizando quatro aparelhos no local. Loss diz que o objetivo é secar o entorno da casa de bombas de número nove, que está inoperante.
— O principal é drenar rapidamente a região da casa de bombas nove, recuperar os motores e reativá-la. As bombas da Sabesp são potentes, mas tem impacto pontual, não esgotam um bairro inteiro. O importante é limpar a área da casa de bombas nove para que ela possa funcionar e puxar a água do bairro Sarandi — afirma Loss.
Na operação na freeway, guindastes que carregam as bombas e geradores circulam sobre um dique de terra do Arroio Sarandi, que recebeu reforço de compactação com pedra quebrada. A água sugada da região pelas bombas é despejada no próprio arroio, cujo curso deságua no Rio Gravataí.
As outras cinco bombas flutuantes que serão usadas em Porto Alegre devem estar à disposição por volta da sexta-feira (24), estima Loss. Ainda estão sendo definidos os locais de instalação, mas a tendência é que três delas sejam alocadas dentro do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Para as outras duas, as possibilidades estudadas são a Avenida Severo Dullius e arredores da Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa), ambas na Zona Norte.
Loss diz que está em avaliação o uso de uma das bombas no bairro Humaitá, mas a hipótese é dificultada pela falta de opção de escoamento da água sugada. O equipamento faz a sucção, dentro da capacidade de até 2 mil litros de água por segundo, mas é preciso existir um ponto de despejo pelas mangueiras.
— No Humaitá, não estamos vislumbrando um local para colocar as bombas porque está tudo alagado. Esse bairro é protegido por um dique que é a freeway. E não temos como transpor a mangueira que sai da bomba por cima da freeway. O principal é ter para onde escoar — argumenta Loss.
Porto Alegre conta com 23 casas de bombas, responsáveis por empurrar águas pluviais para a bacia hídrica do Guaíba. Na tarde desta terça-feira (21), 10 delas estavam em funcionamento.
Canoas
As duas bombas já operantes em Canoas foram instaladas nos bairros Rio Branco e Fátima. A primeira entrou em operação em torno das 19h de sábado e a segunda, por volta das 2h da madrugada de segunda-feira, confirmou a Sabesp. A previsão do prefeito Jairo Jorge é de que mais duas máquinas devem começar a funcionar na mesma região nesta quarta-feira, somando um esforço concentrado de quatro aparelhos.
Mais próximo do final da semana, possivelmente a partir da quinta-feira (23), a prefeitura estima que outras quatro bombas passarão a ter condições de uso nos bairros Mathias Velho e Harmonia.
Além dos oito equipamentos emprestados, Jairo assegura ter assinado contratos de aluguel de 31 bombas de empresas da Argentina, de São Paulo e do Paraná. Os reforços estão em deslocamento, para ajudar drenar a água que entrou na cidade após o rompimento de diques no Rio Branco e no Mathias Velho.
— Vamos ter 39 aparelhos no total. Temos 45 milhões de metros cúbicos de água na Mathias e 32 milhões no Rio Branco e Fátima. Onde tem dique rompido, a água entrou e não sai mais. Ela não vai sair sozinha. Tem que ter motor. Buscamos o que tem de mais potente para remover a água — destaca o prefeito.
Em Canoas, existem oito casas de bombas, estruturas que expulsam a água pluvial de dentro da cidade para bacias hídricas. Duas delas não foram atingidas e seguem funcionando, no bairro Niterói. Das seis inundadas, apenas uma voltou a funcionar na segunda-feira, no bairro Mathias Velho.
Estimativas
As prefeituras de Porto Alegre e Canoas manifestaram a expectativa de receber prontas para operação, nesta quarta-feira, quatro bombas flutuantes. Duas para cada município. A Sabesp, em comunicado via assessoria de imprensa, mencionou que a montagem e distribuição de dois conjuntos começaram nesta terça-feira. Ou seja, pode haver algum descompasso entre as pretensões dos gestores públicos e as entregas das estruturas devido ao tempo necessário para montagem e deslocamento.