O Dia das Mães trouxe um consolo para Angela Catarino de Brito, moradora do bairro Humaitá, na zona norte de Porto Alegre. Oito dias após ser resgatada em casa, ela finalmente se reencontrou com o filho Isaias, de 21 anos, neste domingo (12).
A separação ocorreu no início da enchente na Capital, quando ele saiu para tirar os irmãos de casa e, quando voltou, a mãe já tinha sido resgatada. Ela, o padrasto de Isaias e os três irmãos menores foram levados para acolhimento em Gravataí, na Região Metropolitana. O filho, no entanto, precisou ser retirado do local junto com a cachorra e o gatinho da família e foi encaminhado com os animais para o abrigo na sede da AABB, em Ipanema, na Zona Sul.
As duas partes da família foram reunidas após um trabalho de cruzamento de dados feito pela Polícia Civil. Neste domingo de Dia das Mães, Angela estava almoçando na casa da filha mais velha no Rincão quando ganhou uma surpresa: foi levada ao encontro de Isaias.
— Pensei que tinha acontecido algo ruim. Coração de mãe estava gelado. Oito dias sem ver ele. Tenho outro filho que estava no abrigo, mas não achei mais ele, o Maicon Felipe de Brito. Achei que tinham matado ele — disse Angela depois de chorar abraçando Isaias.
Ele pretende continuar no abrigo em Porto Alegre, com a cadelinha e o gato da família, mas, agora, muito mais aliviado.
— Não estou acostumado a ficar longe. Nunca tinha passado por algo parecido.
Segundo a Polícia Civil, pelo menos 13 encontros como esse já foram feitos.
— Nosso departamento de inteligência tem feito, com base nas listas fornecidas pelos abrigos, pelos voluntários que estão na ponta, o cruzamento de dados entre os vários abrigados que acabaram se perdendo das suas famílias durante o resgate. É um sistema de investigação criminal que a gente utiliza com outras finalidades, mas foi adaptado nesse momento, para essa aplicação — explicou a delegada Alice Fernandes, da Divisão Especial da Criança e do Adolescente.
Depois de encontrar o filho, Angela pretende reconstruir tudo.
— Eu vendia bala na rua. Depois achei meu companheiro, a gente construiu um bar, compramos uma casa no Humaitá. Ficamos só seis meses, e a água tomou conta de tudo —contou.
Enquanto isso, a moradora do Humaitá Madalena Fernandes, 70 anos, que está abrigada na AABB desde 5 de maio, precisou passar este domingo de celebração longe dos filhos.
— Primeiro ano que a gente passa longe. Hoje seria um dia de festa lá em casa, sempre festejamos, estamos reunidos. Nesse ano está sendo diferente, mas eles me mandaram mensagem de "feliz Dia das Mães" desde cedo — relatou a idosa, que chegou a passar dois dias sem contato com a família na primeira semana da enchente.
O abrigo acolhe cerca de 90 pessoas, além de gatos e cachorros. A maior parte são pessoas que foram resgatadas do Humaitá, além de moradores de Canoas e Eldorado do Sul.