O alagamento de parte do Centro trouxe mudanças ao trânsito de Porto Alegre. Entre os serviços impactados pela enchente está o transporte público. Além de funcionar com 75% da capacidade normal da frota, alguns ônibus foram obrigados a alterar o itinerário, gerando reclamações de usuários.
Desde a Avenida Salgado Filho até a Borges de Medeiros, é possível ver grandes filas nas paradas e um tempo de espera maior do que o normal.
— A partir das 18h fica bastante perigoso para todo mundo, porque não tem luz e não tem segurança. Tem pessoas que ficam muito assustadas e pegam o primeiro ônibus que chega por aqui — relatou a vendedora Deise Souza, no fim da tarde desta sexta-feira (17).
Além disso, há mais de 60 linhas que ficaram fora de operação pois atendiam zonas que ainda estão embaixo d'água, como Sarandi, Humaitá, Vila Farrapos e aeroporto Salgado Filho, por exemplo.
— A gente está vivendo uma situação totalmente atípica. Estamos nos desdobrando para oferecer ao usuário a melhor opção possível, mas tem situações que fogem do nosso controle. Como ficamos muitos dias com áreas alagadas temos linhas com desvios muito grandes, sem corredor exclusivo. A cidade também ficou menor de área física por conta dos alagamentos e, além disso, tem um trânsito muito grande de voluntários, fazendo salvamentos. Então, uma linha que tem planejamento de ter uma viagem de 10 em 10 minutos, fica com um intervalo de 1 hora em algumas situações, principalmente em horários de pico — explica Flávio Tumelero, gerente de planejamento da operação de transporte da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
A principal confusão se dá por conta das linhas que costumeiramente saíam dos terminais das Praças Parobé e Rui Barbosa. Com as áreas do Mercado Público e Camelódromo embaixo d'água, há duas semanas os veículos passaram a utilizar as paradas da Praça Dom Feliciano, próximo ao Hospital da Santa Casa.
— Eu trabalho aqui no Centro e, na primeira vez que precisei ir para a casa, chamei um o transporte de aplicativo, mas sai muito caro. Então, fiquei sabendo pelas minhas colegas de trabalho que o ônibus estava parando aqui (na Praça Dom Feliciano) agora, mas não está bem organizado. Lá no Camelódromo tinha fila e aqui ninguém sabe onde esperar. Uma hora é capaz de dar até briga — contou Elisiane Carvalho, assistente de vendas, que esperava o ônibus para o bairro Rubem Berta, na zona norte da Capital.
Para agilizar o serviço, a EPTC orienta os usuários a baixar o aplicativo Cittamobi ou então acompanhar as mudanças de itinerário pelas redes sociais do órgão.
— O aplicativo dá a previsão da passagem dos ônibus e das linhas que estão com algum tipo de desvio. E temos também no Twitter (atual X) da EPTC a informação sobre os desvios que estão acontecendo. Toda vez que avançamos um pouco mais em alguma rua, porque a água baixou em um determinado bairro, informamos a alteração do itinerário de uma linha. Então, o usuário também consegue a informação mais próxima do real nesta plataforma — conclui Tumelero.
Nesta sexta, a Secretaria de Mobilidade Urbana de Porto Alegre anunciou que o transporte coletivo seguirá operando com a tabela especial até a próxima quarta-feira (22), alcançando 75% da oferta de um dia útil. Ainda, conforme a pasta, os ônibus vêm atendendo a 45% da demanda normal diária.