Os moradores da Lomba do Sabão, no limite entre Porto Alegre e Viamão, na Região Metropolitana, estão apreensivos com o extravasamento das águas na barragem da região. A Defesa Civil e a prefeitura já pediram para as pessoas que moram nas casas mais próximas para buscar refúgio em lugares seguros. Nesta segunda-feira (13), a reportagem esteve no local e conversou com quem vive perto da estrutura.
— Eu já disse para os moradores dali saírem. Mas eles não dão bola — conta o aposentado Clotário Vilson de Souza, 69 anos.
O aviso de Souza, que vive em uma chácara ao lado da barragem, deveria ser levado em consideração. O pai dele, Américo Caetano de Souza, foi um dos funcionários que trabalhou no passado na construção da barragem. Segundo o filho, o pai dizia que a parte mais funda chega a ter 20 metros de altura. Construída para a captação e abastecimento de água, a barragem foi desativada há alguns anos.
— Se extravasar com força, vai pegar todas as casas da parte mais baixa em direção à Avenida Bento Gonçalves — alerta.
O diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), Maurício Loss, no entanto, descartou, no domingo (12), em entrevista à Rádio Gaúcha, a possibilidade de rompimento da barragem. Equipes do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) seguem monitorando a situação (confira, abaixo, o que diz o Dmae em nota).
A desempregada Neuza Francisca da Silva Dalla Nora, 60, tem casa na Rua da Hidráulica. Ela vive há 24 anos na região e nunca tinha ouvido falar em possibilidade de extravasamento de água da barragem.
— É complicado, a gente pensa no que vai fazer. Mas não tenho para onde ir e os abrigos já estão cheios — diz Neuza, que mora em uma parte mais alta. — Temos medo e fé também — acrescenta.
O sobrinho de Neuza, o profissional de almoxarifado Gilmar Luiz Delazeri, 58, precisou de abrigo na casa da tia na Lomba do Sabão. Ele mora no Humaitá e a água invadiu sua residência.
— Primeiro, eu fui para o abrigo do Grêmio Náutico União no bairro Moinhos de Vento. Depois vim aqui para a casa da minha tia. Não consegui voltar para ver os estragos da inundação — explica.
Dona Solange Dutra de Oliveira, 55, vive há quatro anos em uma travessa perto da barragem. Na casa dela são 10 pessoas. Ela não esconde a preocupação.
— Se inundar, vou para a casa da minha irmã. Estou preocupada — revela.
Moradora da Rua Francisco Pinto Gutierrez, a pensionista Cris Mattos, 62, acredita que se houver extravasamento, deverá atingir as residências do outro lado da represa.
— Receio a gente tem. Me criei com a minha mãe falando sobre a enchente de 1941. E agora estou passando pela mesma situação. Está horrível — compartilha ela, que viveu a vida inteira na Lomba do Sabão.
O que diz o Dmae
"O Dmae informa que devido às chuvas ocorridas nas últimas horas, o nível da barragem da Lomba do Sabão se elevou dentro da normalidade, iniciando o processo de extravasão pelo vertedor.
Recomendamos que os moradores localizados às margens do Arroio Dilúvio, entre a barragem e a Avenida Bento Gonçalves, permaneçam afastados das margens do Arroio devido ao seu aumento de vazão.
Reforçamos que as equipes do Dmae monitoram continuamente a situação da barragem, e que não há risco de rompimento."