Duas casas de bombas foram religadas nesta terça-feira (28) em Porto Alegre: a 1, que fica Av. Castelo Branco, próximo à Estação Rodoviária, e a 6, que fica na Avenida do Estados e atua na área do Anchieta, incluindo o Aeroporto Salgado Filho. Conforme o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), as estações foram retomadas com o funcionamento de apenas um motor. Agora, das 23 Estações de Bombeamento de Água Pluvial (Ebaps), 13 estão em operação.
As casas de bombas são responsáveis por retirar a água dos alagamentos das ruas, escoando para o Guaíba. Entre as que estão ligadas, a casa de número 5, que fica no Humaitá, é a que opera mais perto da capacidade normal. São dois motores de 5 mil litros por segundo operando, mais a bomba flutuante emprestada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), chegando a escoar 7 mil litros por segundo, o que corresponde a 70% da capacidade normal da estação.
Já a 13, localizada no Parque Marinha, que normalmente tem capacidade de 13 mil litros por segundo, está escoando cerca de 5 mil litros por segundo. Entretanto, a operação tem sido suficiente para drenar a área do Menino Deus. Para esta semana, a projeção é que o Dmae trabalhe para aumentar o número de motores funcionando na casa 4, que é na Voluntários, no Parque Náutico, e colocar em funcionamento a 17, localizada no Centro Histórico, na Avenida Mauá com a Padre Tomé.
— Muitos motores ainda que estão em manutenção. Foram levados para lavar, secar. E esse é um processo que demora sempre uns cinco, seis dias, pelo menos. Porque tem todo o período do transporte. Chega lá, tem que desmontar. Aí tem que lavar, tem que secar numa estufa de 24 a 48 horas a 80 graus. Dependendo do grau de defeito que apresenta, do grau de umidade que ele apresentou quando chega lá. Depois montar de novo o motor, transportar de volta pra Porto Alegre. Então, isso tudo é um processo bem demorado — explica o diretor-geral do Dmae, Mauricio Loss, sobre o retorno da normalidade na operação das casas de bombas.
Permanecem desligadas as Ebaps 2 (São João), 3 (São Pedro), 8 (Vila Farrapos), 9 (Sarandi), 10 (Vila Nova Brasília), 17 (Mauá), 18 (Centro), 20 (Vila Minuano), 21 (Vila Asa Branca) e 22 (Trincheira Ceará).
Apelo por maior agilidade na Zona Norte
Moradores dos bairros Sarandi e Humaitá tem solicitado ações para aumentar o escoamento de água na região. Algumas das casas de bombas que seguem fora de operação são a 8, 9 e a 10, que ficam na região. A 8, por exemplo, permanece submersa.
— A Ebap 8 é um complemento da 5. Ela bombeia a água para a 5, e a 5 bombeia, então, em direção ao Guaíba. O poço de chegada da Vila Farrapos ainda está muito alto, porque todo o entorno ainda está bem inundado. Então, mesmo que ela tivesse sem água, que a gente conseguisse operar, não ia adiantar muito, porque a gente ia bombear para a Vila Farrapos, o poço ia transbordar e ia alagar toda a região ali. A gente tem que ter primeiro uma certa normalização da região do Humaitá, baixar um pouco mais a água, para a gente então conseguir colocar mais contribuição no poço de chegada da Vila Farrapos — explicou Loss.
No Sarandi, as equipes conseguiram acessar a estação 9, com ajuda das bombas da Sabesp. Os motores foram encaminhados para lavagem e secagem. Já a casa 10, que atua em uma região mais povoada, permanece inacessível. Para retomar a operação, será necessário uma operação no dique do Arroio Passo das Pedras, já que existem muitas casas na região.
Sobe e desce da água no Praia de Belas
Moradores do bairro Praia de Belas podem ter notado que, mesmo com o funcionamento das casas de bombas do entorno e a melhora nas condições do tempo, os alagamentos na região têm oscilado durante o dia. Conforme o diretor-geral do Dmae, aquele ponto não é atendido especificamente por nenhuma estação de bombeamento de água pluvial.
— Ali a água escoa por gravidade e não é direcionada por casa de bombas. Então, acaba variando com o nível do Arroio Dilúvio e do Guaíba, que ocorre de subir e descer por vezes ao dia. Como o nível ainda está alto, acaba represando durante o dia. Eu tenho recebido alguns relatos e já pedi para uma equipe verificar ali se há alguma alternativa diferente pra gente fazer naquela região para tentar drenar aquela água — explicou Loss.
Bombas da Sabesp
Das nove bombas flutuantes da Sabesp que foram enviadas para Porto Alegre, quatro estão em operação. Uma começou a operar na noite desta segunda (27) no pátio da Ebap 5, no Humaitá. Outras três operam no entorno da Ebap 9, no Sarandi.
Nesta terça, as cinco que estavam na base do Exército em Nova Santa Rita começaram a ser transportadas para um terreno da Corsan, na Avenida Antonio de Carvalho, em Porto Alegre, com objetivo de facilitar a logística. O translado deve ser finalizado nesta quarta (29).
A previsão do Dmae é que duas sejam alocadas na quinta (30) no Aeroporto Internacional Salgado Filho. As outras três devem ser distribuídas entre Sarandi e Humaitá, onde o Dmae analisa a viabilidade.
— Com a chuva da semana passada, de quinta e sexta, nós retrocedemos muito, porque foi muita chuva. Mas, com certeza, essas bombas ajudam. Por exemplo, na casa de bombas 5, é como se tivéssemos uma bomba mais dentro da casa de bombas ali funcionando. No Humaitá, a dificuldade é encontrar o local para onde escoar a água. Então, colocando na Ebap 5, nós conseguimos direcionar o poço de descarga que passa por baixo da Freeway e deságua lá no Guaíba. Então, estamos buscando mais pontos para a gente ir colocando.
As bombas da Sabesp começaram a chegar no Rio Grande do Sul no dia 17 de maio. Questionado sobre uma possível "demora" na montagem e instalação dos equipamentos, o diretor-geral do Dmae disse que a autarquia está atuando em diferentes frentes e priorizando as casas de bombas. Mesmo assim, avaliou que as equipes atuaram de acordo com a complexidade da operação.
— No Humaitá, por exemplo, nós não tínhamos encontrado viabilidade técnica. Quando encontramos, nós fizemos. Mas não foi uma demora. Como a gente também sempre atua em muitas frentes, Humaitá, Anchieta, Sarandi, estações de bombeamento de esgoto também, nossas equipes estão sempre atuantes em diversos pontos.
Outros equipamentos estão chegando e sendo emprestados à prefeitura. É o caso de tratores bomba de arrozeiros. Sete já operam no Aeroporto, com expectativa de começar a operar mais três na região e chegar a dez. A prefeitura ainda não avalia a necessidade de adquirir mais bombas de drenagem. Nesta terça, o governo federal anunciou o empréstimo de duas bombas vindas da Petrobras.
Comportas
Ainda nesta terça (28), com a queda no nível do Guaíba e a previsão de tempo seco, o Dmae reabriu cinco comportas do Sistema de Proteção Contra Cheias: as de número 1 (próxima do Gasômetro), 4 (portão principal de acesso ao Cais Mauá), 11 (avenida Voluntários da Pátria com São Pedro), 12 (acesso a subida para a avenida Castelo Branco, pela Voluntários da Pátria) e 14 (próxima ao DC Navegantes).
Durante a noite, a reportagem esteve em dois pontos, em frente às comportas 3 e 4, e notou que a água estava alcançando a avenida. Isso ocorre diante de uma elevação do nível do Guaíba ao longo do dia: entre 12h15min e 23h15min, a água subiu 25 centímetros, conforme medição divulgada pela Rede Hidrometeorológica Nacional.
Na estrutura de número 3, que fica na Avenida Mauá na altura da Padre Tomé, a água chegou a ultrapassar a barreira dos sacos de cimento e areia que estão no local, no lugar do portão retirado. E na comporta de número 4, uma poça d'água foi formada.