A energia elétrica foi restabelecida na maior parte do Centro Histórico de Porto Alegre. Quem caminha pela Salgado Filho e na Borges de Medeiros percebe a volta da movimentação na área. Porém, ainda há moradores da região que estão sem luz.
Nessa semana, a CEEE Equatorial declarou que reativou a última etapa da rede do bairro, restaurando a eletricidade em toda a região. Mas os moradores do número 417 da Avenida Borges de Medeiros ficaram sem luz por 27 dias. O serviço só foi restabelecido na noite desta quinta-feira (30), horas depois da publicação desta reportagem.
O histórico Edifício Sul América tem 14 andares e cerca de 78 apartamentos. Magda Ramos tem 67 anos e mora no último andar. Diabética, ela conta com a ajuda de vizinhos e funcionários do prédio para conservar as injeções de insulina em coolers com gelo.
— Eu não tenho pra onde ir. Minha família é do Interior, e eu não tenho outra solução. Como eu moro sozinha, eu sou obrigada a descer. Eu descia antes, no início do mês, um dia sim, um dia não. Porque é terrível subir esses 14 andares. Depois, comecei a sair de dois em dois dias, agora de três em três dias. Porque não tem como manter a alimentação sem estragar. Porque a gente não tem luz, não tem geladeira, então não adianta — contou Magda.
Vizinhos de corredor, Alessandra Trindade da Fonseca Egres, 44, e o marido ajudam dona Magda com a insulina e com algumas compras do mercado. A empresa em que Alessandra trabalha concedeu férias para que ela não precisasse se deslocar enquanto está sem luz, mas o período está perto do fim.
— Tudo na volta tem luz, só a nossa rede que não — desabafou Alessandra, citando que, para a empresa, a área está alagada. — Eu falei pra ela que não tá mais alagada. Que já secou até a parte do Mercado Público, que já estão ligando a luz de tudo.
Ao menos seis moradores abriram protocolo na CEEE Equatorial relatando o caso. Um técnico da concessionária chegou a ir até o local sinalizando que iria averiguar a situação, mas não deu mais retorno. Na noite desta quarta-feira (29), enquanto a reportagem estava no prédio, um servidor da Enel, de São Paulo, que estava atuando em uma rua próxima e foi levado ao condomínio por uma moradora, também entrou em contato com a Equatorial para entender o caso. Conforme o servidor, apesar do prédio não estar alagado, a chave que liga a rede estaria em um ponto alagado da Avenida Mauá.
O que diz a CEEE Equatorial
Por meio de assessoria, a CEEE Equatorial disse na quarta-feira que estava ciente sobre a situação do edifício Sul América, que foi encaminhada para a equipe da operação, mas que não se manifesta sobre casos específicos. Em nota, a concessionária afirma que, no Centro Histórico, “ainda há alguns poucos clientes que estão desconectados devido a equipamentos que precisam ser inspecionados antes do religamento, devido ao contato com água”.
Conforme o balanço da manhã desta quinta-feira (30), 14 mil clientes da CEEE Equatorial no Rio Grande do Sul seguem com a energia desligada por questão de segurança. Desses, 5 mil eram em Porto Alegre.