Parte dos moradores do bairro Rio Branco, em Canoas, seguem observando suas casas apenas de longe há quase um mês. A aflição e incerteza toma conta de quem tenta acessar os locais. Ruas ainda seguem inundadas e com água ultrapassando a altura da cintura. Nesta quinta-feira (30), apenas barcos acessavam a região.
É o caso da rua Boa Esperança e da avenida Engenheiro Irineu Carvalho Braga. Moradores saíram de casa no dia 3 de maio e ainda não conseguiram retornar. Nesta manhã, Ângela Pinheiro, 46, chegou ao local pela primeira vez junto do marido para tentar buscar pertences pessoais, mas não conseguiu.
— Não sei se minha casa está em pé. Parte da residência da minha vizinha desabou em cima do meu telhado. Eu queria pegar pertences pessoais importantes para mim, porque os móveis sei que perdi todos. Agora só vou vir quando souber que a água baixou mesmo, é uma tristeza.
Dentro de um barco de voluntários, mãe e filha também buscavam acessar a residência pela primeira vez. Raquel Serena, 49 e Bruna Serena, 24, saíram de casa no dia 4 quando a água ainda não atingia o segundo piso do imóvel. Na parte de baixo funcionava uma padaria onde Raquel trabalhava.
—Estamos de favor na casa de conhecidos e usando roupas de doações. Saímos sem nada. A padaria onde trabalho há 25 anos ficou destruída e agora estou desempregada. É triste. Quatro casas da família ficaram em baixo d'água, perdemos tudo — contou emocionada Raquel.
— Queremos saber se ainda temos casa, mas nem essa certeza conseguimos ter — complementou a filha Bruna.
De acordo com a prefeitura de Canoas, o bairro Rio Branco possui a maior quantidade de ruas alagadas. Quatro motobombas da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo, a Sabesp, estão operando na região. No entanto, pontos mais baixos seguem inundados.