Moradores de vários pontos dos bairros Guarujá e Ipanema, na zona sul de Porto Alegre, ainda sofrem com a cheia do Guaíba nesta sexta-feira (24). Na Avenida Guarujá, a água começa a tomar conta da via a partir do cruzamento com a Rua dos Guenoas. Na comparação com o cenário de três semanas atrás, porém, ela já recuou em direção ao Guaíba.
O segurança Norton Pasquotto, 65 anos, ajeitava o barco com o qual exerce sua atividade patrulhando as vias inundadas do Guarujá há 22 dias.
— O meu sentimento é de tristeza. Tem que começar a trabalhar de novo — afirma, dizendo que sua própria casa na região foi inundada.
Nesta sexta, moradores calçavam galochas de borracha e caminhavam ao lado do arroio que corre junto à Avenida Guarujá. Queriam ver o cenário depois da chuvarada da quinta-feira (23), que contribuiu para manter a água elevada na Zona Sul.
— Moro há 60 anos aqui e nunca vi uma inundação assim — diz o aposentado Eraldo Santos, 65.
Em algumas casas, muros caíram em função da força da água durante a cheia do Guaíba.
O aposentado João Francisco, 64, mora na Rua dos Guenoas e compartilha estar sem luz em casa há três semanas. A água não entrou onde ele vive com a família. Mas sair para comprar mantimentos significa passar por pontos inundados.
Em Ipanema, o calçadão em grande parte está coberto por água. A inundação toma conta da Avenida Guaíba após o cruzamento com a Avenida Flamengo. Os pontos sem água acumulam areia deixada pela cheia. Há muito lixo boiando no meio da via.
O casal de aposentados Maria Clara, 65, e William Bos, 73, mora em um apartamento térreo no bairro. A água não atingiu a moradia, mas o susto foi grande.
— Para lá (em direção ao Guarujá e à Serraria), o cenário é de guerra — observa a mulher.
O aposentado Carlos Grando, 65, mora sozinho em uma casa de frente para o lago. Há 35 anos na Avenida Guaíba, ele não cogita se mudar. Nesta manhã, mostrava o muro derrubado pela enchente. O prejuízo para os reparos deve chegar a R$ 20 mil.
— Adoro tomar chimarrão no final da tarde olhando para o Guaíba. Isso aqui é uma maravilha e não vou sair — assegura Grando.