Após a preocupação com o novo avanço das águas na quinta-feira (23), moradores e comerciantes dos bairros Menino Deus, Cidade Baixa e Praia de Belas, em Porto Alegre, começaram a notar recuo dos alagamentos na manhã desta sexta-feira (24). No entanto, o cenário de normalidade ainda está longe, porque a força da água carregou os entulhos que estavam pelas calçadas e dificultou até o trânsito em algumas áreas.
Na Avenida Padre Cacique, veículos precisavam reduzir a velocidade e andar com cuidado em direção ao centro nas proximidades do Estádio Beira Rio. A faixa da esquerda estava liberada, mas o restante da via ficou tomada pela água e pelo lodo. A correnteza seguia com força em direção aos bueiros da calçada.
Mais adiante, perto do Viaduto Dom Pedro I, entulhos invadiram as pistas da avenida, prejudicando o trânsito dos ônibus no corredor central e o de carros que vinham em direção ao bairro. A água arrastou os materiais que estavam na calçada.
Tentando amenizar a situação, o porteiro de um dos prédios, Gilberto da Silva, 55 anos, empurrava os resíduos que tomavam conta da faixa da direita no sentido bairro-centro da Padre Cacique.
— A água estava na canela, agora baixou. Mas é muita sujeira, estou tentando ajudar para os carros — - contou enquanto utilizava um rodo.
O motorista de ônibus Jardel Silva, 52 anos, estava fazendo o trajeto de uma das linhas que passam rumo à Avenida Praia de Belas para verificar a situação. Já na Padre Cacique, ele começou a descer do veículo para retirar manualmente o lixo que dificultava a passagem.
— Fomos até o Centro para reconhecer como estava o itinerário dos nossos ônibus. Demos uma limpada e liberamos — relatou.
Seguindo pela Avenida Praia de Belas, em direção ao centro da cidade, a reportagem encontrou mais vias prejudicadas pela sujeira. Na Rua Botafogo, móveis, pedaços de árvores e diversos pertences de moradores tomavam conta do espaço público, prejudicando a circulação de carros. As calçadas estavam lotadas de resíduos, afetando até os acessos a alguns imóveis.
Já na esquina da Praia de Belas com a Rua Doutora Rita Lobato, o volume de água ainda chamava a atenção. Nesse trecho, uma forte correnteza saía de um bueiro no cruzamento e a água seguia escorrendo pela avenida. Peixes maiores nadavam no alagamento, que seguia em direção à região central, fazendo com que alguns motoristas dessem meia-volta e retornassem para o lado da Avenida Ipiranga.
— Já tinha secado e achamos que ia molhar tudo de novo. Agora não sei como está lá — se questionava o pasteleiro Patrick Traçante, 31 anos, que se deslocava para o local de trabalho para mais um dia de limpeza após os alagamentos.
Na Avenida Getúlio Vargas, a água entrou novamente na padaria e lancheria de Cesar Augusto Rosso Salloum, 55 anos. Nesta manhã, o proprietário voltou a fazer a limpeza, quando achava que a situação já estava melhor.
— Subiu até mais ou menos 1m60cm a 1m80cm (dias atrás). Com a chuva de ontem (quinta-feira, entraram uns 10 centímetros aqui na frente e uns 30 lá no fundo. Essa lama é grudenta e custa a tirar. Agora a gente está pegando e limpando tudo de novo — lamenta.
Equipes da prefeitura estão na ruas fazendo o recolhimento dos resíduos e a limpeza. Nas ruas Barão do Gravataí e Baronesa do Gravataí, vários caminhões e escavadeiras eram utilizados, junto aos agentes auxiliavam os trabalhos a pé. Carlos Alberto Hundertmarker, diretor-geral do DMLU em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha destacou que as equipes estão atendendo todas as regiões.
No bairro Cidade Baixa, a água foi desaparecendo, mas os entulhos continuam. Na Rua da República, havia ao menos três pilhas grandes com móveis, roupas, calçadas e pedaços de madeira. Moradores contaram que a água cobriu as calçadas novamente. Até as bicicletas de aluguel ainda estão cobertas pelo lodo, desde os assentos até as rodas.