Há 20 dias debaixo d'água, o bairro Humaitá começa a ter ruas mais secas aos poucos. Apesar disso, grande parte da população ainda segue sem conseguir acessar as próprias casas devido ao nível do alagamento.
A reportagem de GZH circulou pela região na manhã desta quarta-feira (22) e constatou um recuo das cheias em partes mais altas, como em boa parte da Avenida A.J. Renner. Em alguns trechos, ainda há água na pista, em um nível que permite a passagem de veículos maiores, como caminhonetes, jipes e caminhões.
Com essa diminuição, moradores e donos de estabelecimentos se reuniram para fazer mutirões de limpeza. Gisele Capovilla estava acompanhando o marido retirar a sujeira da cervejaria da qual ele é dono.
— Nós conseguimos chegar pela primeira vez na sexta-feira (17) através de uma caminhonete que tinha tração mais forte. Estamos retornando hoje para fazer a limpeza — afirma.
A partir da Rua Adelino Machado de Souza, que dá acesso à Vila Farrapos, a água começa a ultrapassar a altura da cintura. Poucos barcos circulavam nas vias alagadas, única forma de transitar nessas áreas. Luiz Carlos da Silva está morando em Gravataí e acessou pela primeira vez a residência dele desde que precisou sair. O nível da água chegava na altura de seu peito.
— Não sobrou nada mesmo. Ficou carro, moto, tá tudo embaixo d'água. Única coisa que eu tenho ali é umas bicicletas, que é o que vai dar pra aproveitar — lamenta.
Apesar da cobrança da população para que a água comece a baixar, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) da Capital segue sem previsão para instalar a bomba de drenagem. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o diretor Maurício Loss afirmou que precisa que o nível do Guaíba baixe mais para resolver o problema.
Insegurança persiste
Outro problema levantado pelos moradores é a falta de segurança. Desde o início das enchentes, diversos comércios foram saqueados, incluindo lojas e supermercados. Muitas pessoas que moram em andares mais altos decidiram permanecer ilhados para evitar invasões.
Em um bloco de um condomínio de prédios, 15 moradores permaneceram isolados em seus apartamentos. Paula Regina Duarte diz que precisou de auxílio para ser abastecida.
— O meu genro tem amigos e aí os chefes deles conseguiram trazer mantimentos para nós por barco. É meio angustiante, mas eu botei na minha cabeça que a gente ia viver um dia de cada vez — relata.
Antes do amanhecer, a Brigada Militar fechou o acesso pela A.J. Renner para realizar patrulhamentos no bairro. Ao longo da manhã, a reportagem registrou a circulação de motocicletas da Brigada Militar, uma viatura da Polícia Civil e outra da Força Nacional.