O vereador Giovani Culau (PCdoB) alega que a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto Alegre tentou impedir o início de uma exposição sobre a ditadura militar na Capital. A iniciativa, porém, foi autorizada na noite de quinta-feira (28) pela diretoria da Casa.
Culau havia solicitado que a mostra Memória, Verdade e Justiça fosse exibida no saguão da Casa entre segunda-feira (1º) – dia que marca 60 anos do começo do regime – e 10 de abril. Segundo ele, a requisição foi feita em 8 de março e teve anuência do memorial da Casa, mas não por parte da Mesa Diretora.
— Fui convocado para apresentar o conteúdo da exposição para a Mesa Diretora, o que já era público e havia sido anexado ao longo do processo da nossa solicitação. Isso era um encaminhamento que impedia a exposição ocorrer no dia mais importante, que é 1º de abril — conta o vereador.
Segundo Giovani Culau, o encontro com a Mesa ocorreria apenas na quarta-feira (3), dois dias após o pedido de início da atividade.
— Isso, para mim, reflete uma resistência. É muito grave, pois é um momento importante na nossa luta em defesa da democracia — acrescentou.
A exposição Memória, Verdade e Justiça reúne fotos de locais como o Dopinho, a Esquina Democrática e a Praça Argentina, acompanhado de textos que tratam de violações dos direitos humanos e pontos onde atuavam grupos de oposição à ditadura.
Ela integra o projeto Caminhos da Ditadura em Porto Alegre, criado em 2016, que mapeia 200 locais ligados ao período. O trabalho é feito por estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O que diz a Mesa Diretora
A autorização para a mostra foi concedida por um despacho assinado pelo diretor-geral da Mesa Diretora, José Alfredo Santos Amarante, na noite de quinta-feira (28). O documento diz que, em decisão conjunta, foi deliberada a permissão “haja vista a data de início da exposição, de modo a não atrasar o evento, e em respeito ao trabalho do parlamentar”.
— Temos mais de 150 exposições no ano. Cada pedido é levado para um setor que faz o controle do espaço e organiza gradativamente. Não houve demora nenhuma em relação ao pedido do vereador. Como não havia tempo hábil para aguardar até quarta-feira (a próxima reunião da Mesa), em função da data do evento, o assunto foi decidido no grupo de WhatsApp. Todos os vereadores se manifestaram favoráveis (à exposição) — afirma Amarante.
O diretor-geral acrescenta que o material das exposições na Câmara Municipal não é avaliado pela Mesa:
— Temos um limite de espaço, não podemos interromper toda a circulação, porque é no térreo da Câmara. Você não pode ter 50 banners em uma exposição, por exemplo. É preciso apresentar uma amostra (para a Mesa Diretora), não o conteúdo. A responsabilidade do que vai estar exposto é do vereador. Não existe censura prévia — garante.