Três famílias que estavam instaladas no salão de festas do condomínio Alto São Francisco, localizado no bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre, decidiram voltar para os seus apartamentos, contrariando recomendação do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil municipal. Os moradores permaneciam no salão desde a explosão na torre 10 após vazamento de gás, no dia 4 de janeiro.
Proprietários de apartamentos na torre 12 alegam que tomaram a decisão de voltar diante da demora na restauração e liberação do prédio. Ainda na quarta-feira (31), duas moradoras romperam o cadeado que impedia a entrada ao edifício e acessaram suas moradias.
Nesta quinta-feira (1°), a família da operadora de caixa Adryane Santos da Silva, 21 anos, decidiu fazer o mesmo. Eles eram os únicos que permaneciam no salão de festas.
— Não voltamos ontem (quarta) ainda por conta dos pequenos (referindo-se ao filho e aos irmãos mais novos), tem muito caco de vidro e precisamos limpar. Além disso, o edifício está tomado por pulgas. Cansamos de esperar, pois não recebemos nenhuma informação e não chega previsão para o nosso retorno — afirmou Adryane.
Além da torre 12, a interdição segue valendo para as torres 9 e 11. Quanto à torre 10, onde a explosão aconteceu, os moradores confirmaram que a Construtora Tenda já trabalha na demolição da estrutura.
A Defesa Civil de Porto Alegre diz que está ciente da situação, mas que não tem autoridade para retirar os moradores. Por isso, repassou orientações ao síndico, para que buscasse a Brigada Militar (BM) e o Corpo de Bombeiros. A BM esteve no local e orientou as pessoas sobre o risco de permanecer na estrutura sem que ocorra uma liberação da área técnica. No entanto, não houve retirada das famílias.
A Defensoria Pública afirma que há preocupação com a segurança e que foram disponibilizadas alternativas para moradia, enquanto as obras no condomínio não estiverem concluídas. Conforme o defensor público responsável pelo caso, Rafael Pedro Magagnin, o retorno seguro dos moradores das torres 11 e 12 depende da apresentação ao Corpo de Bombeiros de um laudo técnico feito por um engenheiro contratado pelo condomínio.
O defensor destaca que o órgão acompanha a situação e garante que os direitos dos proprietários serão respeitados:
— É importante ressaltar que estes moradores não estão sozinhos. Eles podem sair, ir para outro lugar e não irão perder nenhum direito. Existe uma força-tarefa com todos os envolvidos para resolver a situação. Ninguém vai sair prejudicado.
A Construtora Tenda informou que não irá se manifestar sobre o retorno do moradores e que seguirá com o que foi definido nas reuniões de negociação envolvendo a Defensoria e o Ministério Público.
Nesta quinta-feira (1°), o Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmou o encaminhamento do laudo técnico referente à explosão para a Polícia Civil. No entanto, a conclusão da análise ainda não foi divulgada.