Após o leilão do Cais Mauá e a futura assinatura do contrato de concessão, o que deve levar pelo menos 60 dias para acontecer, uma das dúvidas levantadas é sobre o futuro do Cais Embarcadero, operação de gastronomia e lazer em atividade desde maio de 2021. A origem da indagação é o fato de o edital de repasse da área à iniciativa privada, arrematado no dia 6 de fevereiro pelo consórcio Pulsa RS, prever que o novo empreendimento irá abarcar a orla do Guaíba desde a zona contígua ao Gasômetro até a região das docas, perto da rodoviária de Porto Alegre. Ou seja, o Embarcadero, localizado nas proximidades do Gasômetro e do Armazém A7, está dentro da área da nova concessão ao Pulsa RS.
O certo é que o Embarcadero continuará operando nos atuais moldes e com os mesmos administradores, as empresas DC Set Group e Tornak Holding, até junho de 2026. O contrato entre o governo estadual e as gestoras privadas foi assinado em janeiro de 2021, com duração de 66 meses. A iniciativa teve como um dos objetivos dar vida ao Cais Mauá enquanto a concessão integral não era destravada.
O Palácio Piratini confirma que, até junho de 2026, será respeitado o contrato com a DC Set e a Tornak. A única mudança é que elas deixarão de se reportar ao Estado sobre os negócios do Embarcadero, passando a fazer isso junto ao Pulsa RS, que está em processo de confirmação da condição de administrador da área integral. Atualmente, o Cais Embarcadero conta com 44 operações, entre fixas e temporárias, de gastronomia, lazer e entretenimento.
“O nosso foco é manter o sucesso crescente do Cais Embarcadero, que, desde a sua inauguração em maio de 2021, se tornou o ponto de encontro dos porto-alegrenses e turistas. No ano passado, teve quase 40% de aumento de público, apesar das enchentes que enfrentamos”, afirmou, em nota, Fabiana Marcon, superintendente-geral do Cais Embarcadero.
Ela acrescentou: “Estamos muito felizes com a repercussão do primeiro Festival Embarca no Verão, que se consolidou como atração musical gratuita enquanto nos preparamos para os próximos eventos, inclusive nosso aniversário de três anos, que acontece em maio”.
Depois de junho de 2026
Encerrado o contrato entre o Estado e o Cais Embarcadero, a gestão daquele espaço e das atrações passa ao consórcio Pulsa RS, que arrematou a integralidade do Cais Mauá no leilão do último dia 6.
A Secretaria Estadual de Parcerias e Concessões, via assessoria de imprensa, informou que não é possível afirmar, neste momento, se a área do Embarcadero sofrerá mudanças significativas após passar ao comando do Pulsa RS. É algo que deverá ser conhecido no futuro.
Nos anexos do edital de concessão do Cais Mauá, consta uma planta de toda a área, atrações e intervenções previstas. O documento é intitulado “usos referenciais para armazéns e gasômetro”. O Gasômetro é mencionado como ponto de localização, mas a sua área não faz parte da concessão. Neste documento, a área atualmente ocupada pelo Embarcadero é projetada com o “deck de contemplação”, a “praça náutica”, o “espelho d’água” e a “praça das águas”. As opções de gastronomia, pela planta, passariam para o armazém A7. E está previsto um edifício de serviço e educação dedicado à temática náutica.
Contudo, o governo estadual ressalta que o documento é um “referencial” e que, nos dias atuais, não é possível afirmar tudo o que será efetivado. Existem intervenções obrigatórias previstas no edital, mas também há flexibilidade para o futuro concessionário na execução de parte das transformações previstas.
Intervenções obrigatórias
Conforme documento anexo do edital de concessão, as obras impositivas ao concessionário são as seguintes:
- Etapa 1 - Realocação do Corpo de Bombeiros para nova sede, restauro do pórtico central e dos armazéns A, B, A1, A2, A3, A4, B1 e B2.
- Etapa 2 - Restauro dos armazéns A5, A6, A7 e B3, urbanização do setor das docas, realocação da administração da Portos RS e das oficinas operacionais.
- Etapa 3 - Urbanização dos setores dos armazéns e do gasômetro e implantação do novo sistema de proteção contra cheias (elevação do piso em 1,26 metro e substituição de parte do muro da Avenida Mauá por sistema móvel).
*Fonte: Apêndice I do edital de concessão