Um ano após ser coberto por lixo descartado de forma incorreta e passar por um processo de limpeza que levou um mês e custou R$ 1,5 milhão, o Rio Gravataí, em trecho situado em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, permenece com as águas conservadas, sem garrafas pets, sacolas plásticas, isopor, entre outros objetos aparentes.
Nesta quarta-feira (28), a reportagem de GZH esteve no mesmo ponto do rio onde, em fevereiro de 2023, resíduos flutuantes se acumulavam por um trecho de 400 metros e chegavam a 40 centímetros abaixo d'água, onde as raízes de plantas áquaticas retinham material depositado no rio. Durante o trabalho de remoção, custeado pela prefeitura de Cachoeirinha, foram retiradas pouco mais de 136 toneladas de lixo, levadas para o aterro sanitário da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), em São Leopoldo.
Atualmente, o Arroio Passinhos passa por limpeza, e são desenvolvidas ações de conscientização ambiental na região.
— Ampliamos a coleta seletiva no município e implantamos uma ecobarreira no Arroio Passinhos, que deságua no Rio Gravataí — menciona o diretor da Defesa Civil de Cachoeirinha, Vanderlei Marcos, acrescentando que é retirada, semanalmente, uma caçamba de resíduos desse ponto de contenção.
Neste mês, houve uma reunião com os demais municípios por onde o rio passa, além do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí. Vanderlei Marcos pede colaboração das outras cidades, de moradores e ainda divide a responsabilidade do problema com o governo do RS.
— Cachoeirinha recebeu um presente de grego: a cidade anoiteceu de um jeito e amanheceu de outro. O problema estava em nosso território e tivemos de resolver — afirma.
Na época, a empresa contratada para fazer a limpeza do trecho foi a Firma de Mergulho (FDM).
Para o presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, Sérgio Cardoso, a responsabilidade passa pela falta de coleta seletiva de lixo na maioria dos municípios da região:
— O que a gente presenciou no ano passado é o resultado da falta de política pública de resíduos sólidos dos municípios — compartilha.
A bacia do Rio Gravataí
A bacia do Rio Gravataí é composta por Santo Antônio da Patrulha, Glorinha, Alvorada, Gravataí, Cachoeirinha, Taquara, Viamão, Canoas e Porto Alegre.
— Também temos outra preocupação no Rio Gravataí que nós não vemos. Em torno de 50 toneladas de esgoto são lançadas pelos municípios dentro da bacia do Rio Gravataí tornando a qualidade de água dele uma das piores do Brasil — revela Cardoso.
O Rio Gravataí possui cerca de 34 quilômetros de extensão. Nasce em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte, e passa por vários municípios até deságuar no Guaíba, nas imediações da Arena do Grêmio, em Porto Alegre.