Iniciado em 18 de fevereiro, o serviço de limpeza do Rio Gravataí, em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, está finalizado. Após uma aproximadamente um mês e duas semanas, cerca de 200 toneladas de lixo foram retiradas pela empresa Firma de Mergulho, contratada pela prefeitura em um investimento de R$ 1,3 milhão. O trabalho se encerrou nesta quinta-feira (30).
Composto por objetos de plástico, pneus, móveis e até roupas, o material foi levado para um aterro sanitário de São Leopoldo. Além do lixo, as máquinas removeram 250 metros cúbicos, o que equivale a cerca de 22 caminhões caçamba de plantas aquáticas do leito do rio. As chamadas macrófitas estão em um terreno da prefeitura e aguardam um laudo laboratorial para saber se poderão ser utilizadas em um projeto de compostagem.
O prefeito de Cachoeirinha, Cristian Wasen, afirma que pretende chamar os demais munícios que compõem a bacia o Gravataí para criar ações de conscientização e preservação. Entre as cidades, estão Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Glorinha, Gravataí, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, Taquara e Viamão.
— Cachoeirinha tem o projeto da ecobarreira, com a empresa Safeweb, fazendo a limpeza do Arroio Passinhos. Queremos trazer os demais municípios para esse trabalho, principalmente nos arroios Barnabé e Feijó — explica o prefeito.
O trabalho de fiscalização do descarte irregular é feito pela Guarda Municipal. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 153. Porém, a prefeitura pretende focar na conscientização dos moradores para evitar que os lixo não volte a se acumular.
— Nós lançamos a campanha "Salve o Gravataí", que faz parte do projeto Cachoeirinha 2050. Vamos entrar nas escolas para fazer um trabalho de conscientização ambiental das crianças e das famílias. Queremos dar sequência ao comitê de crise do Gravataí, junto com a Granpal (Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre), para que a gente encontre a solução, talvez não imediata, porque a sabemos que a solução se dará ao longo dos anos — acrescente Wasen.
O prefeito conta que já propôs ao governo do Estado a criação de um fundo para que os municípios contribuam financeiramente para a preservação. Segundo ele, a ideia, encaminhada por meio a Granpal, ainda está em análise.
A falta de conscientização também é apontada por moradores de Cachoeirinha como a causa do lixo acumulado. No intervalo do trabalho, a oficial de cozinha Adriane Dutra estava da Praça do Ecoturismo, ao lado do Rio Gravataí. Para ela, se não houver uma mudança de comportamento da população, a ilha de lixo voltará a se formar.
— É uma questão cultural. É o único rio que temos, mas a população não ajuda. Não adianta as autoridades virem e limpar ou a população se unir e limpar se, mais tarde, 50% dos moradores vêm e jogam lixo de novo — desabafa Adriane.
Quem partilha da mesma opinião é o marceneiro Luiz Pereira, que trabalha há 17 anos em um estabelecimento localizado a alguns metros do rio.
— O povo é porco. O povo é que não cuida. Vão largando qualquer coisa. Agora tem que conscientizar o povo — diz o marceneiro.
Apesar da limpeza, a reportagem ainda encontrou recipientes de plástico, roupas e sapatos velhos às margens do Gravataí, próximo à Praça do Ecoturismo. Vez por outra, garrafas pet ainda passam boiando pelo leito.
A ilha de lixo
O grande volume de resíduos foi revelado em 6 de fevereiro após denúncias de moradores. A estiagem fez com que o nível do rio baixasse, e o material acumulado se sobrepôs ao leito do rio.
O serviço foi realizado com máquinas que, em cima de uma balsa, iam até o lixo. Os resíduos eram carregados por retroescavadeiras até a margem, onde eram colocados em caminhões.