No caso do Lami, a necessidade de o poder público trabalhar é iminente. Depois das enchentes de setembro e novembro, a Praia do Lami e a orla – que foi reformada em 2020 – sofreram danos em grande escala, com destruição de casas, danos a comércios, derrubada de árvores, do calçadão, entre outros.
Caminhando pela orla, assusta o nível de destruição de partes do calçadão, que ainda seguem isoladas por fitas e cavaletes da prefeitura. Muitos troncos de árvores que caíram continuam no local. Uma ponte de pedestres teve os guarda-corpos arrancados. A estrutura é usada por quem sai da Avenida Beira-Rio e quer chegar na Praia do Lami caminhando ou vice-versa.
Durante a visita da reportagem, vários caminhões, uma retroescavadeira e funcionários trabalhavam pela prefeitura. As equipes se dividiam entre o recolhimento de lixo e reparos no calçadão, onde estavam sendo colocados um material semelhante ao asfalto, posteriormente compactado pelos trabalhadores com socadores. Provavelmente, uma substituição paliativa até a reconstrução da calçada. Moradores relataram que os trabalhos começaram faz pouco, na semana do Natal.
– Vinham limpar como dava, porque a água também demorou muito para baixar. Agora, estão começando com a parte das obras. Mas estragou muito, as árvores mesmo arrancou uma grande parte – contou Deise Farias Oliveira, 59 anos, diretora de uma escola infantil na região.
Na região da Praia do Lami, o problema mais grave é no banheiro público. A força do Guaíba levou a escadaria que dava acesso ao ambiente, impossibilitando seu funcionamento. Outra situação apontada por frequentadores e por guarda-vidas é a das guaritas da praia. São dois pontos onde os agentes deveriam ficar durante o tempo de trabalho. Mas, informalmente, guarda-vidas e usuários comentaram com a reportagem que as estruturas não parecem seguras, principalmente, pela exposição da base, pois a força da água levou parte da areia na margem. Ou seja, a guarita não parece estar firme no chão. “Não cai hoje, nem amanhã, mas uma hora vai cair”, citou um frequentador.
Recuperação deve ocorrer neste ano
A prefeitura de Porto Alegre explicou que uma equipe técnica da Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) trabalha na elaboração de “projetos de reurbanização para a orla do Lami, com obras nos passeios, mobiliários e de contenção das águas”. As intervenções deverão se estender ao longo do ano e, por se tratar de grande área, serão executadas em fases, “iniciando pela revitalização dos passeios do calçadão do Lami (rebaixos e acessibilidade)”.
Após concluídos os projetos executivos e orçamentos, será iniciado o estudo técnico para intervir nos banheiros afetados. Em relação à poda e ao recolhimento de árvores, a prefeitura garante que “o trabalho está sendo realizado e seguirá até que todos os restos de vegetais sejam retirados pelas equipes da Secretaria de Serviços Urbanos (SMSUrb)”. E as churrasqueiras, diz a administração municipal, “que são mais de 50 espalhadas pela orla, foram limpas e recuperadas na última semana”.
Sobre a limpeza na região, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informou ter iniciado uma operação especial no bairro em setembro de 2023. “Foram feitos mutirões para a retirada de junco e demais resíduos”, diz a nota. Uma equipe composta por cinco garis faz a conservação diária do local. Foram colocadas 15 lixeiras, do tipo latão, ao longo da orla.
A administração também garantiu que, com exceção da praia do Lami, os banheiros funcionam até as 20h. “As unidades foram reformadas ano passado e são monitoradas por funcionários da prefeitura, que fazem limpeza e zeladoria”. Na praia, como solução paliativa, “foi disponibilizado um conjunto de banheiros químicos, formado por dois módulos masculinos, dois femininos e um para pessoas com deficiência”. A prefeitura também informou que irá fazer novo projeto para as guaritas de guarda-vidas de acordo com exigências legais do Corpo de Bombeiros.