Por volta das 11h desta segunda-feira (20), o nível do Guaíba já chegava em 3m10cm no Cais Mauá. Mas, a partir do meio-dia, a prefeitura projeta que a cheia dos rios Taquari e Jacuí irão elevar ainda mais as águas em Porto Alegre. Em setembro deste ano, o Guaíba atingiu 3m18cm, a maior cheia dos últimos 82 anos.
Como o vento está a favor, a água da chuva não está represando, situação que se reverterá a partir da noite de terça-feira (21), quando a perspectiva é que o Guaíba subirá ainda mais na Capital.
Das sete comportas que precisam ser fechadas, cinco já foram finalizadas. As outras duas, na região do Cais Embarcadero, serão avaliadas, pois estão num ponto mais elevado, e poderão ser fechadas apenas no final do dia.
Região das Ilhas
Um grupo de moradores da Ilha do Pavão chegou a bloquear o tráfego na BR-290, perto do Canal Furado Grande. Eles pedem ajuda da Defesa Civil de Porto Alegre, que, segundo eles, não está ocorrendo. Eles já acampam às margens da rodovia, por causa da cheia do Jacuí. Não é possível ingressar de carro na ilha em decorrência do acúmulo de água na região. Após atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o tráfego foi liberado.
A chuva intensa da semana passada, sobretudo no final de semana, fez com que o nível do Rio Jacuí, na região de Eldorado do Sul, subisse e invadisse residências. Com isso, moradores tiveram que sair de casa. De acordo com os bombeiros voluntários do município, as localidades mais atingidas são os bairros Chácara, Cidade Verde e Vila da Paz. De acordo com a Defesa Civil municipal, cerca de 1,5 mil pessoas estão fora de casa.
A maioria está sendo encaminhada para um abrigo municipal. Outras pessoas buscam abrigo em casa de familiares e de conhecidos.
O sistema de comportas
O sistema de comportas é composto por 14 portões que se estendem ao longo do muro da Mauá e nas passagens abaixo da Avenida Castello Branco. Desses, oito ficam abertos e outros seis estão fechados de forma permanente.
As comportas localizadas no muro da Avenida Mauá e em pontos próximos formam a parte mais visível da estrutura de proteção contra cheias de Porto Alegre, mas integram um sistema muito maior e mais complexo que muitas vezes passa despercebido – e nem sempre funcionou como o esperado.
Traumatizada desde a enchente de 1941, a Capital montou um amplo mecanismo para manter-se a salvo de outra inundação: envolve o muro da Avenida Mauá, onde fica parte das 14 comportas que se fecham em momentos de alerta, 23 casas de bombas destinadas a despejar a água acumulada de volta ao Guaíba e 24 quilômetros de diques externos que funcionam como barreiras complementares ao muro de concreto erguido no Centro Histórico, onde também há portas metálicas, além de outros diques internos espalhados por diferentes pontos da cidade.