Um dos pontos mais tradicionais de eventos e shows em Porto Alegre, a Casa do Gaúcho, no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, deu espaços às atrações culturais para fornecer abrigo aos moradores do bairro Arquipélago, que foram atingidos pela cheia do Guaíba e do Rio Jacuí.
Aline Araújo Oliveira, 35 anos, mora há 21 anos na Ilha Grande dos Marinheiros, foi resgatada às pressas de casa. Ela é PCD e foi retirada da residência por um pastor e dois vizinhos. Não houve tempo para retirar móveis e eletrodomésticos.
— Todas as minhas casas pegavam enchentes. Só que antes eu não era paraplégica. Há quatro anos, ainda conseguia me virar. Eu me sinto impossibilitada, mesmo com ajuda dos amigos. Quando tu olha, a água já tá na altura das mesas e é capaz de chegar na geladeira — lamentou.
Rejane Beatriz Silva, 60, mora no bairro há 40 anos. A maior parte deles na Ilha das Flores. Segundo a moradora, o nível da água subiu de uma forma como ela nunca havia visto. Ela, uma das filhas e três netos estão abrigadas na Casa do Gaúcho.
— O sentimento agora é de revolta. Em menos de dois meses, nós perdemos tudo outra vez. Não temos dinheiro nem para pagar uma passagem de ônibus. As casas já não prestam, não tem como sobrar qualquer coisa — disse.
Conforme a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), são 188 moradores das ilhas acolhidos em abrigos municipais durante a tarde desta quarta-feira (22). São 95 no ginásio do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), outros 43 estão no ginásio do nono batalhão da Brigada Militar, e mais 50 estão na Casa do Gaúcho. Estão abrigados também sete animais de estimação, sendo três cães, dois gatos e dois coelhos.