O Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) de Porto Alegre está coletando amostras para entender o que está provocando o gosto e cheiro ruins na água tratada da Capital. O resultado deve ser conhecido na tarde desta segunda-feira (8).
Desde o fim de semana, moradores de diversos bairros têm relatado alterações no recurso que chega na torneira. A alteração foi percebida também pelo Painel Sensorial da Qualidade, do próprio Dmae. A autarquia destaca que reclamações do tipo podem ser registradas pelo telefone 156, opção 2.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, a Diretora de Tratamento e Meio Ambiente do DMAE, Joicineli Becker, afirmou que duas hipóteses são levantadas. Uma delas é a floração de algas, que provoca alterações no gosto, em geral, durante o verão. A outra é uma possível consequência da seca.
— O que pode ter acontecido é que o período de seca concentra os contaminantes no fundo dos mananciais, então quando vem uma chuva volumosa como a que a gente registrou nos últimos dias, isso pode vir lavando, carreando, como a gente chama, os poluentes, a matéria orgânica — explicou a diretora.
Conforme Becker, os resíduos poderiam vir de afluentes do Guaíba, como os rios Gravataí e Jacuí.
Ainda nesta segunda, o Dmae informa que vai alterar parâmetros de tratamento, com adição de carvão ativado e dióxido de cloro.
— Em sendo um evento atrelado à chuva, nós acreditamos que passando esse período mais chuvoso dos próximos dias, e implementando as medidas, entre hoje (segunda) e amanhã (terça) a gente consiga redução no número de reclamações.
O departamento ainda explicou que os aguapés acumulados, principalmente na Orla, não influenciam no gosto da água, já que os pontos de captação estão a cerca de quatro quilômetros para dentro do Guaíba.
Situação semelhante na Região Metropolitana
Moradores de Canoas, Cachoeirinha e Gravataí também relataram alterações nos últimos dias. A Corsan, responsável pelo abastecimento nessas cidades, informa que o gosto é provocado pelo carregamento de materiais acumulados durante a estiagem. Veja a nota da companhia:
“Em relação ao abastecimento de água de Canoas, Cachoeirinha e Gravataí, a Corsan informa que, devido ao acúmulo de sedimentos nas margens e nos leitos dos mananciais afluentes, ocasionado pela estiagem, na ocorrência das chuvas há o carregamento e revolvimento deste material, acarretando na maior presença de substâncias que podem causar odor e gosto na água captada. Nesse sentido, a Companhia realiza adequações no tratamento visando à maior remoção possível das referidas substâncias. Porém, ressaltamos que essas substâncias são reduzidas a baixas concentrações e não fazem mal à saúde. A água distribuída pela Corsan é tratada e monitorada atendendo ao Padrão de Potabilidade estabelecido pelo Ministério da Saúde (Anexo XX da Portaria de Consolidação N°05/2017, alterado pela Portaria GM/MS n° 888/2021 e Portaria GM/MS n° 2472/2021). Assim, reitera-se que a água distribuída à população é própria para o consumo humano.”