A dragagem do Arroio Dilúvio completou um ano em março e segue em andamento, com uma nova fase a partir de abril. Agora, o desafio do Departamento Municipal de Águas e Esgotos (Dmae) é melhorar o fluxo de água no ponto em que o córrego encontra o Guaíba, ao final da Avenida Ipiranga.
As máquinas estão posicionadas e esperam retirar da região da foz 80 mil metros cúbicos de terra, lodo e lixo, 17% a mais do que em toda a extensão que passou pelo processo nos últimos 12 meses. O arroio já teve 68 mil metros cúbicos de detritos retirados do seu leito no trabalho de dragagem — o equivalente a 21.250 contêineres. A nível de comparação, a demolição do antigo prédio sede da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) gerou 16 mil metros cúbicos de entulhos — quantidade quatro vezes menor.
— Na foz o serviço é o mais demorado, pois a última dragagem ali foi em 2012. E tiraremos mais material dali porque a velocidade de escoamento ao longo do Dilúvio é maior e arrasta mais material. No encontro com o Guaíba, no entanto, este fluxo diminui, o que faz acumular mais material — explicou o diretor-geral do Departamento Municipal de Águas e Esgoto (Dmae), Maurício Loss, nesta terça-feira (3).
— Estimamos que o trabalho ali demore pelo menos quatro meses, por conta da complexidade da área e prováveis períodos de chuva que teremos — pondera Loss.
Além da foz, uma outra área do Arroio Dilúvio também é dragada em paralelo. A Avenida Cristiano Fischer passa por um reforço no trabalho feito no ano passado.
— Os contratos de dragagem que assinamos em 2022 têm duração de cinco anos. Ao longo deste período vamos fazer um trabalho de manutenção constante para sempre manter o melhor fluxo possível no Dilúvio e nos demais arroios da cidade — projeta Loss.
Montanhas de terra
Os pequenos morros de terra e outros detritos entre o talude do arroio e o asfalto da Avenida Ipiranga são parte do processo. O material é retirado do fundo do córrego e fica na parte alta da avenida esperando que seque.
Esta secagem pode acarretar em um prazo maior para a conclusão dos serviços, mas é necessária para que não haja aumento de gastos no carregamento de caminhões com terra e água transportada junto, o Dmae explica.
Resultados discretos
O diretor-geral do Dmae explica que o sucesso no trabalho é percebido quando a prefeitura analisa os números de reclamações formais feitas por meio do portal de atendimento ao cidadão, o telefone e o aplicativo 156+Poa.
— A melhoria principal é redução nos alagamentos. Principalmente na Zona Norte temos relatos de melhor escoamento da água em direção aos arroios. Os arroios secundários ao Dilúvio também têm sido beneficiados pela melhoria do fluxo da dragagem dele. O acúmulo de sedimentos que vemos nos bancos é natural, por isso mesmo pretendemos seguir a manutenção — justifica.
Apesar de a conclusão do serviço ser esperada para os próximos meses de 2023, não há uma mudança perceptível a olho nu no fluxo de águas ao longo do Arroio Dilúvio. A equipe de reportagem de GZH percebeu que há pontos com o leito raso ou quase sem correnteza, além de pequenos bancos de areia.
Problema comportamental
Com mais de 1,8 mil pneus retirados apenas do Dilúvio, onde restos de móveis também são encontrados soterrados, o problema do descarte irregular de lixo por parte dos moradores de Porro Alegre volta a ser apontado como um dos causadores do acúmulo de sedimentos ao longo do leito:
— Estamos satisfeitos com os resultados alcançados, mas é necessário, sempre, pedir que a população faça o descarte do lixo de maneira correta. Retiramos geladeiras, sofás, lixo orgânico, material que não deveria estar no Dilúvio.