Bastaram os primeiros acordes de cavaquinho para agitar a multidão que ocupava o nascedouro do carnaval de Porto Alegre, neste domingo (12). Espalhados pela região do antigo Areal da Baronesa, onde hoje fica o bairro Cidade Baixa, centenas de foliões se divertiram ao som de três blocos burlescos.
O Carnaval fora de época movimentou dois quarteirões ao redor da Rua Baronesa do Gravataí. Crianças, adultos e idosos, com ou sem fantasia, dançavam ao som das tradicionais marchinhas ou de canções pop conduzidas ao ritmo de batucada.
O festerê foi organizado pelo bloco Areal do Futuro, sediado no bairro. Segundo o coordenador da entidade, Paulo César Silveira, o evento marcou os 20 anos de fundação do bloco, reunindo ao menos três grupos: Candombe Poa, Ziriguidum Batucada Social Clube e o próprio Areal do Futuro. Atuando como bloco carnavalesco e projeto social, o grupo ministra cursos de ritmistas e passista para 70 crianças da comunidade.
— A gente segue firme, como resistência.
Moradora de Viamão, a professora Taís Fonseca não desperdiçou a oportunidade de sambar na rua. Aos 44 anos e de volta ao Rio Grande do Sul após uma temporada vivendo em Pernambuco, ela aproveitou a luz do sol para se divertir com duas amigas.
— Estou adorando porque traz uma comunhão bonita, tem candombe, tambores e muito sopro, como no carnaval pernambucano. E eu gosto porque é de dia. Dá para brincar bastante e ir dormir cedo — afirmou.
Também há pouco tempo residindo na Capital, o bonequeiro Gabriel Blassle não passou despercebido na multidão. Fantasiado de mesa de jantar, com direito a uma taça de champanhe e um prato de massa com almôndegas equilibrados sobre a cabeça, ele dançou a tarde inteira pelas ruas do bairro.
— Adoro Carnaval e adoro Porto Alegre. Precisava inventar alguma coisa para a fantasia, então peguei o que tinha à mão em casa. O difícil é não deixar cair — comentou, entre um sapateado e outro.