Com o privilégio da temperatura agradável e de um percurso banhado pelas águas do Guaíba, 900 atletas correram, caminharam e patinaram pela região central de Porto Alegre para celebrar os 251 anos da cidade, neste domingo (26).
As provas de corrida, iniciadas às 8h, foram disputadas em três diferentes distâncias – 3km, 7km e 14 km – com largada e chegada no Largo Glênio Peres. Dali, os atletas percorreram a Avenida Mauá e a Edvaldo Pereira Paiva – no caso da prova de 14km, o retorno ocorreu na Fundação Iberê Camargo.
As amigas Júlia Bragé Cezar, de 28 anos, e Laura Karolainy Barcelos Sotero, de 26, completaram o percurso de sete quilômetros em 57 minutos. As duas não são praticantes de corrida, e aproveitaram o condicionamento do crossfit para enfrentar o desafio.
— A gente se desafiou. Eu achei muito lindo, o pessoal no trajeto se motivando. Foi muito legal. O mais difícil é controlar a mente. O corpo aguenta, a cabeça é que quer parar — conta Laura, natural de São Gabriel e moradora da Capital há quatro anos.
Ao percorrer a Orla, o trajeto da corrida exalta o que Porto Alegre tem de mais interessante, na perspectiva de Júlia: os parques e praças.
— Todos os lugares têm muitas fragilidades, mas uma coisa que eu admiro em Porto Alegre é a quantidade de praças e parques. É muito bacana que estejam investindo na Orla, que está linda. E houve a revitalização do Marinha (do Brasil) que é meu parque preferido — destaca a professora, nascida em Porto Alegre.
Ambientalmente conscientes, as duas encontraram energia para, em meio à prova, recolher alguns copinhos de água vazios que haviam sido deixados pelo caminho.
— A gente faz parte da natureza. A gente se acha muitas vezes superior ao próprio ambiente, mas a gente só existe porque ele existe — reflete Júlia.
Quem também participou da 19ª edição da Corrida do Aniversário de Porto Alegre foi Leo Joaquim Heck, de 77 anos. A medalha de prata na categoria 75 anos ou mais veio com algumas gotas, literalmente, de sangue. Nos metros finais da prova de 7 km, Leo se desequilibrou, caiu no chão e ralou o braço e a mão.
— Eu caí a 10 metros da reta final, mas uma menina e um menino me ajudaram e me carregaram na reta final — conta Heck, agradecido.
Nascido em São Borja, Heck se mudou para Porto Alegre com 14 anos, em busca de uma vida melhor. O hoje aposentado conta que, apesar de ter sido perseguido pela Ditadura Militar, o que lhe exigiu anos de exílio da Capital, não perdeu o afeto pela cidade.
— Porto Alegre é uma das melhores capitais do Brasil. Porto Alegre é fora de série. O povo, o modo de ser, no âmbito geral a melhor é Porto Alegre — exalta Heck.
Nascido cinco décadas antes de Júlia e Laura, o medalhista de prata em sua categoria também demanda o aumento da consciência ambiental na cidade.
— Porto Alegre é muito boa para correr, temos a nossa Orla. Depois de Porto Alegre, a segunda melhor capital é Curitiba, que é uma cidade muito limpa. Porto Alegre ainda está suja, mas a gente vai chegar lá também — diz Heck.
A corrida é organizada pela prefeitura de Porto Alegre — o prefeito Sebastião Melo inclusive participou da prova de 3 km — em parceria com o SESC-RS. Além dos benefícios à saúde, as práticas de caminhada e corrida são diariamente incentivadas pelas unidades do SESC, não só pelos benefícios à saúde, mas pelo caráter democrático que carregam consigo.
— O pessoal coloca o seu calção e o seu tênis, e vai correr. A corrida é um esporte muito democrático por isso, não precisa de muita coisa. E a gente sempre recomenda que se procure um profissional da educação física e um médico para saber se está tudo bem antes de correr — destaca o diretor da unidade SESC-RS Redenção, Edson Domingues.
Para o público em geral, a inscrição para a 19ª edição do evento custou R$ 89 para as provas de corrida, R$ 50 para a caminhada e R$ 40 para a patinação.