A prefeitura de Porto Alegre assinou aditivo com representantes da Núcleo de Capacitação em Engenharia de Estruturas Ltda., empresa vencedora da licitação para executar o laudo com os estudos de restauro das três pontes históricas da Avenida Ipiranga, em Porto Alegre. Agora, a contratada tem até 23 de dezembro para entregar o projeto. Na prática, isso significa que as obras devem começar apenas em 2023. O poder público investe R$ 180.819,95 para a elaboração do levantamento.
— Ao fazer o projeto, foi encontrada uma dificuldade de documentação histórica sobre as pontes mostrando os materiais empregados para poder fazer o restauro — explica o secretário de Obras e Infraestrutura, André Flores, justificando que esses imprevistos atrasaram o cronograma.
As três pontes históricas ficam situadas nos cruzamentos da Avenida Ipiranga com a Getúlio Vargas (esta possui 34,5 metros de extensão); Ipiranga com a Azenha (21 metros) e Ipiranga com a João Pessoa (30 metros). Todas exibem problemas como pichações, partes queimadas, rachaduras, degraus quebrados e com ferros retorcidos, além de sujeira. Também faltam muitas lajotas nos passeios de pedestres. Para agravar o cenário, pessoas em situação de rua vivem no entorno delas.
Das três travessias, a ponte da Azenha tem significativa relevância pela sua localização e papel. No passado, havia no local uma outra passarela, mais simples, por onde os farrapos, liderados pelo general Bento Gonçalves, entraram em Porto Alegre, em 20 de setembro de 1835, dando início à Revolução Farroupilha.
Contudo, além do caráter histórico que precisa ser tratado de maneira minuciosa, o titular da pasta ainda cita outros problemas que atrasam o projeto de restauro das pontes.
— Além disso, havia questões de volumetria e topografia que precisavam ser corrigidas. A gente aditivou em quatro meses o prazo, porque era para ter terminado em agosto — esclarece.
Com a entrega do estudo acontecendo até 23 de dezembro, será realizado o processo de licitação de reforma das três pontes históricas, que tem previsão de publicação do edital até o começo de fevereiro de 2023.
— Acredito que no primeiro quadrimestre do ano que vem devemos iniciar as obras — estima Flores, salientando que o projeto, por ter caráter histórico, é tão complexo quanto a execução da própria obra.
A última restauração da ponte da Azenha ocorreu em 2008. Na oportunidade, foram reconstituídas as características originais do guarda-corpo, do revestimento e da escadaria de degraus, além de terem sido instalados novos ladrilhos e luminárias, entre outras melhorias.
A prefeitura ainda não sabe qual será a primeira das três pontes a ser restaurada. A questão da mobilidade será levada em consideração para essa escolha, em função do trânsito intenso de veículos nas proximidades das estruturas.
— Sabemos que não há risco iminente para as estruturas ou para as pessoas neste momento — garante o secretário, demonstrando confiança no estudo em desenvolvimento.
A reportagem conseguiu contato com representante da Núcleo de Capacitação em Engenharia de Estruturas Ltda., com sede em São Paulo. Questionado se a NCEE entregou os complementos solicitados pela prefeitura de Porto Alegre e se tinha alguma previsão de prazo em relação aos estudos para as obras, o sócio-diretor da empresa, João Henrique Damasceno, foi breve:
— Não tenho previsão nenhuma. Não acho nada — limitou-se a responder, desligando o telefone.
As estruturas são tombadas e classificadas como bem patrimonial. Dessa maneira, os projetos serão executados conforme os princípios e critérios internacionais de restauro. A fiscalização ficará sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (SMCEC).
Saiba mais
Mais sete estruturas existentes ao longo da Avenida Ipiranga (Borges de Medeiros, Praia de Belas, Santana, Ramiro Barcelos, Vicente da Fontoura, Euclides da Cunha e Barão do Amazonas) passarão por obras. Dois trechos com pontes duplas, nos cruzamentos com a Rua Silva Só e com a Avenida Erico Verissimo, também serão reformados.