O terceiro e último dia do South Summit, nesta sexta-feira (6), exibe números de sucesso em Porto Alegre: 20 mil visitantes, mesmo número da edição de Madri, na Espanha, e cinco vezes mais público do que o esperado meses atrás.
Considerado o maior evento mundial do setor de inovação e empreendedorismo, o South Summit atraiu startups, fundos de investimento e funcionários de grandes empresas para discutir temas em voga no mundo dos negócios. Pela primeira vez, a edição ocorreu no Brasil.
A capital gaúcha se esforçou para provar a um público seleto nacional e do Exterior que é capaz de receber um evento importante para um setor-chave da economia. E que debates e negociações de grande relevância não devem ocorrer somente em São Paulo.
Ao longo dos últimos três dias, GZH ouviu dezenas de frequentadores do South Summit para colher impressões sobre o evento. A avaliação geral é de que o evento cumpriu o que prometeu: oferecer palestras com grandes nomes da inovação e um público representando importantes empresas, fundos de investimento e startups de potencial. O networking saltava aos olhos, houve aprendizado em palestras e perspectiva de fechamento de novos negócios. Ao mesmo tempo, frequentadores apontaram que o grande número de pessoas provocou dificuldades que precisam receber atenção para a próxima edição do evento, em 2023. Veja a seguir:
O que deu certo
Sucesso de público
O South Summit atraiu 20 mil pessoas na última edição, em Madri. Não se sabia se o mesmo ocorreria em Porto Alegre, mas as expectativas foram superadas: segundo a organização, o evento alcançou a marca. Meses atrás, a expectativa era atrair 5 mil pessoas.
Localização do evento
A escolha de realizar o South Summit no Cais Mauá, integrado ao Guaíba, foi fortemente elogiada por porto-alegrenses e visitantes de fora. Frente à possibilidade de conduzir o evento em centro de eventos fechado, sob ar-condicionado, a avaliação é de que a proximidade com a natureza foi um acerto. A despeito da chuva no primeiro dia, visitantes afirmaram que o Guaíba foi uma bonita moldura para o evento.
Conferencistas e visitantes importantes
Um evento tem sucesso não apenas se atrai muitas pessoas, mas se reúne gente de renome. Entrevistados elogiaram os palestrantes escolhidos, com nomes de peso no cenário nacional e internacional da inovação. Destacaram, ainda, que o próprio público que circulava no Cais Mauá detinha “poder decisório" — jargão para descrever indivíduos com autoridade para tomar decisões e movimentar investimentos.
Grande número de palestras
Em três dias de evento, mais de 500 palestrantes transitaram pelos armazéns. Os frequentadores puderam escolher sete temáticas para assistir a palestras: vestuário e alimentação, agro e saúde, inovação, sustentabilidade, finanças, indústria 5.0 e sociedade. A grande oferta agradou, mas a reportagem também ouviu relatos de que havia pouco tempo hábil para deslocamento entre as mesas.
Aprendizados para as próximas edições
Infraestrutura
O South Summit enfrentou obstáculos no primeiro dia, em meio à forte chuva. Um banheiro ficou sem água, houve falta de luz no palco principal e em food truck, a parte externa do Cais Mauá foi tomada por poças d’água e havia poucas vagas de estacionamento. Frequentadores também reclamaram das longas filas por conta do baixo número de food trucks. Visitantes sugeriram mais espaços para reuniões e networking e também questionaram se, em meio à previsão de chuva para o primeiro dia, a organização poderia ter se preparado para evitar transtornos.
O diretor-geral do South Summit, Thiago Ribeiro, destaca que foi o primeiro evento desse porte realizado no país e na capital gaúcha — e que a organização identificou obstáculos a serem ajustados para o ano que vem. Ele destaca que entraves surgiram como efeito colateral de algo positivo: o sucesso do evento.
— Buscamos amenizar problemas da chuva, tentamos gerenciar filas, colocamos mais banheiros, entregamos capas de chuva (10 mil foram adquiridas), mas choveu em horas quase o que chove em um mês. Sem a chuva, ficou tudo mais fluido — afirma Ribeiro.
Alta lotação em poucos espaços
A alta lotação foi notável no primeiro dia do evento, quando a chuva forçou o público a se abrigar nos espaços internos dos três armazéns do Cais Mauá. A área de estandes de startups ficou lotada, o que também se repetiu nos outros dias, apesar do tempo seco. Alguns espaços se mostraram pequenos demais para as atividades que abrigavam — o RS Innovation Stage estava sempre lotado e com uma multidão de pé do lado de fora. A organização promete que, para o próximo evento, o evento ocorrerá em mais pavilhões.
— O espaço ficou pequeno, mas precisava acontecer aqui, na frente do Guaíba. Houve um desafio, sobretudo no primeiro dia, com a chuva, mas ficou o entendimento, e, na próxima edição, vai ser ainda melhor. O próximo ano será aqui, a casa do South Summit é o cais, mas vamos ampliar o espaço — diz.
Acessibilidade
A escolha do Cais Mauá foi elogiada, mas a acessibilidade para cadeirantes e cegos deixou a desejar. A parte externa era tomada por pedras de brita, o que dificultava a locomoção de cadeirantes — uma visitante afirmou ser “impossível andar sozinha”. Também não havia marcação no piso para pessoas cegas. Os banheiros foram apontados como bastante pequenos.
Ribeiro destaca que o piso do Cais Mauá é tombado como patrimônio histórico, o que limita alterações de acessibilidade, mas afirma que a organização está comprometida em dar mais atenção ao tópico na próxima edição.
— Queremos um próximo evento mais acessível. Isso é uma preocupação nossa — observa.
Acústica
Visitantes relataram dificuldades em ouvir palestrantes em alguns palcos por conta da acústica ruim do ambiente, como o Next Big Thing. Era preciso se esforçar para entender a fala — e houve quem acessasse o evento pelo YouTube para ouvir o conferencista enquanto via o convidado ao vivo, no palco.
O diretor-geral do South Summit afirma que a estrutura do armazém tem características “peculiares, mas que o evento fez mudanças em equipamentos, o que trouxe melhora à qualidade de som".
— Mas isso é, sim, um ponto a ser tratado para o ano que vem — acrescenta Ribeiro.