A madrilenha Marta del Castillo, 41 anos, fez de Porto Alegre sua casa nos últimos 10 dias e se surpreendeu com o que viu no Cais Mauá.
CEO global do South Summit, Marta é formada em administração pela IE Business School, uma das mais conceituadas escolas de negócios do mundo, em Madri, e pós-graduada em empreendedorismo pela Stanford University, no Vale do Silício, na Califórnia.
Ela esteve na Capital em agosto, novembro e dezembro de 2021 e, nos últimos dias, dirigiu o evento que posicionou a cidade e o Estado no mapa internacional da inovação. Confira a seguir a entrevista que ela concedeu com exclusividade para a coluna.
Como avalia o evento em Porto Alegre?
Me surpreendeu. Superou todas as nossas expectativas. Já estávamos felizes por chegar ao Brasil e, em especial, a Porto Alegre, porque sabíamos que é um ecossistema de inovação em crescimento, com todos os elementos para florescer, mas fomos surpreendidos positivamente pelo interesse das pessoas. Todos os espaços lotaram. As pessoas realmente queriam participar. Foi uma energia muito boa na cidade.
Como foi trabalhar aqui? Sabemos que o Brasil nem sempre inspira confiança no Exterior. Temos fama de desorganizados, de não respeitar prazos…
Totalmente o contrário. Quando começamos a trabalhar com o Brasil, os primeiros contatos foram com o governo do Estado, com uma equipe super profissional. Também sentimos isso na prefeitura. Houve um grande esforço de entrega, apesar das dificuldades. Tínhamos pouco tempo e planos ambiciosos, entre eles o de reabilitar o cais. Mas houve uma união de forças com empresários e universidades. Conheço a fama do Brasil e vivi muitos anos na América Latina. Mas conseguimos um ótimo resultado em apenas três meses.
A escolha do cais foi importante como legado. Pensaram nisso desde o início?
Para nós, isso era muito importante. Tinha de ser no cais, porque sabíamos que contribuiria para a cidadania, seria um legado e um símbolo da inovação.
Sobre a cultura regional, o que mais te chamou atenção?
Nos sentimos em família aqui. A cultura gaúcha tem algo muito forte em termos de integridade, generosidade e hospitalidade. Ah, e a comida é espetacular, em especial as carnes. Não temos picanha na Espanha (os cortes são diferentes). Descobri, também, os vinhos do RS, que não conhecia.
Porto Alegre quer ser um polo de inovação. Como fazer com que isso se torne concreto e visível para a população?
Porto Alegre vive uma tormenta prefeita. Há um compromisso entre governos, empresários, grandes universidades e parques tecnológicos. Creio que faltava um evento como esse, porque é importante ter casos de êxito que os jovens possam ver de perto. É uma forma, também, de posicionar a inovação como “rockstar” e atrair o olhar internacional para Porto Alegre. Há muitas oportunidades aqui, e os investidores precisam ver isso. O South Summit tem esse papel. O Rio Grande do Sul está a ponto de decolar.
Podemos mesmo contar com uma nova edição do evento em 2023?
Sim, é 100% certo. Temos que organizar os detalhes, mas é uma aposta de longo prazo e nossa intenção é seguir aqui, não só em 2023, mas nos próximos anos.