A prefeitura de Porto Alegre decidiu abrir novamente o Ginásio Tesourinha a partir das 18h desta quarta-feira (18) para abrigar pessoas em situação de rua. A medida ocorre em razão do frio intenso.
Na noite de terça-feira, 46 pessoas dormiram dentro do centro esportivo. O espaço foi preparado para receber cem. Conforme a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, os albergues receberam 240 pessoas e as pousadas 282.
Nesta manhã, a prefeitura de Porto Alegre se reuniu com os órgãos responsáveis e decidiu manter o funcionamento do Tesourinha. A operação será avaliada diariamente, conforme a demanda.
Para a próxima noite, estão sendo solicitadas doações de talheres e copos descartáveis, água mineral, leite ou achocolatado, sucos, meias, cuecas, toucas, calçados e roupa masculina de inverno. As entregas podem ser feitas diretamente no local, a partir das 17h.
A Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) analisa ainda a possibilidade de manter o atendimento durante o dia. Um dos fatores levados em consideração, conforme a prefeitura, é que muitos dos abrigados saem no período diurno para realizar outras atividades, como venda de recicláveis.
Uma alternativa apresentada pela gestão municipal são os chamados Centros POP. A reportagem de GZH esteve na unidade Santana, que fica na Avenida João Pessoa. Perto das 9h, um grupo de pessoas acordava para receber alimentação e tomar banho. Segundo uma funcionária, não houve aumento significativo na procura em relação ao que a equipe está acostumada para esta época do ano.
Jefferson Oliveira da Silva, 37 anos, foi um dos que buscou o serviço. Ele contou que mora na rua há seis meses, porque não conseguiu pagar as contas.
– Meu emprego era bico. Daí começou a pandemia e as pessoas não queriam mais que que fosse na casa para trabalhar. Fazia serviços gerais, pintura, capina.
Espaço para animais de estimação
Leandro Garcia, 29 anos, decidiu passar a noite na rua, mesmo com a possibilidade de ir para um abrigo. Após encontrar a cachorrinha Lisa no lixo, em janeiro, ele ficou com medo de não poder ficar com ela enquanto estivesse abrigado.
– Eu gasto com ela. Esses dias gastei R$ 480 com ela do meu dinheiro do papelão, da reciclagem. É minha parceira, não me abandona. É tudo na minha vida.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social afirma que o Tesourinha conta com espaço para receber os animais de estimação. Sobre o frio da noite passada, Leandro conta que conseguiu se virar.
– Tava um pouco frio, mas tenho plástico, coberta, lona. Dá pra sobreviver, mas não é fácil viver na rua. Você não vive, mas sobrevive.