O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou, nesta sexta-feira (20), mudanças em um terço de seu gabinete, em plena crise política após a surpreendente renúncia de sua vice, Chrystia Freeland, e um aumento das tensões com Donald Trump.
A decisão ocorre uma semana depois da saída de Freeland, ex-ministra da Economia e colaboradora de Trudeau durante uma década, devido a diferenças sobre a estratégia para responder as ameaças de Trump, que assumirá a presidência em 20 de janeiro, de elevar as tarifas alfandegárias para produtos canadenses.
"Nossa equipe se concentrará no que mais importa para os canadenses: tornar a vida mais acessível, fazer a esconomia crescer e criar bons empregos para a classe média", disse Trudeau em um comunicado no qual não mencionou as tensões atuais.
Oito ministros foram nomeados para substituir aqueles que saíram, e pelo menos quatro receberam novas responsabilidades.
Trudeu, do partido Liberal, enfrenta sua maior crise política desde que chegou ao poder há nove anos, com uma minoria no Parlamento, a perda de seu aliado de esquerda e um descontentamento crescente em sua própria bancada.
O primeiro-ministro buscará um novo mandato nas eleições de outubro de 2025, embora se espere que o pleito ocorra antes.
A saída repentina de Freeland expôs as diferenças sobre como abordar a iminente guerra comercial que se avizinha com os Estados Unidos.
Ottawa busca frear as ameaças de Trump, que prometeu impor tarifas alfandegárias de até 25% aos seus vizinhos México e Canadá quando voltar ao poder em janeiro.
- "Estado 51" dos EUA -
Outras declarações de Trump aumentaram a tensão no Canadá.
O presidente eleito se referiu ao país como o estado número 51 dos Estados Unidos e chamou Trudeau de "governador".
Após uma década no poder, a popularidade de Trudeau está abalada, sendo o premiê responsabilizado pela inflação, crise de moradia e deterioração dos serviços públicos no país.
Na sexta-feira, paralelamente às mudanças no gabinete, o chefe do Novo Partido Democrático (NPD) e ex-aliado de esquerda de Trudeau, Jagmeet Singh, anunciou que deixaria de apoiar o governo.
"O tempo deste governo acabou. Apresentaremos uma moção de censura clara na próxima sessão da Câmara dos Comuns", afirmou em uma carta.
As eleições legislativas devem ocorrer até 20 de outubro de 2025, mas, se for aprovada uma moção de censura, o governo pode cair, antecipando as eleições.
Trudeau está 20 pontos atrás de seu rival conservador Pierre Poilievre.
* AFP