De interesse do Estado e da prefeitura de Porto Alegre, o projeto de integração dos ônibus metropolitanos e urbanos da Capital está avançando. Desde fevereiro, quando a iniciativa foi apresentada para o Executivo municipal, duas reuniões técnicas já ocorreram e, agora, uma minuta, que autoriza a criação de um convênio entre a cidade e o Estado, está sendo analisada pela prefeitura.
O documento, que já passou pelo crivo técnico da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, liderada por Adão Castro Júnior, agora aguarda a última análise do prefeito Sebastião Melo — que terá encontro com o secretário para dar o seu aval ao texto. Assim que for aprovada pelo chefe do Executivo municipal, a minuta será devolvida ao governo estadual e, na sequência, um grupo de trabalho será criado para estabelecer como será desenvolvido o piloto do projeto.
De acordo com Castro Júnior, o piloto será o "laboratório" para saber como o projeto avançará — com baldeação no limite das cidades ou com os coletivos metropolitanos recolhendo passageiros também dentro de Porto Alegre, poupando os veículos urbanos em itinerários que se sobrepõem e, depois, havendo uma compensação financeira para os operadores da Capital. Tudo isso será discutido após os testes. O que é certo é que o movimento pretende cortar os custos de operação e reduzir o trânsito de ônibus na cidade.
— É de total interesse do governo avançar com a integração. Nos interessa, além desta questão, que vai racionalizar o sistema de transporte, a redução do custo tanto para quem usa o metropolitano quanto para quem usa o urbano. É um tema que o próprio prefeito Melo está dialogando e quer avançar — explica o secretário de Mobilidade Urbana.
Ele aponta ainda que, recentemente, a Capital lançou o Mais Transporte, um programa de reestruturação do transporte público, e que dentro dele está a integração metropolitana como alvo a longo prazo.
— Sabemos que ainda há muitas etapas a avançar para se obter uma integração plena — reforça o secretário, que acredita que o grupo de trabalho para coordenar como será o piloto do projeto pode se formar em até 30 dias.
O secretário estadual extraordinário de Apoio à Gestão Administrativa e Política, Agostinho Meirelles, tem uma expectativa de que o processo seja mais rápido. Para ele, assim que a minuta do convênio seja aprovada formalmente pela prefeitura, ele acredita que o piloto do projeto já possa ser iniciado em até um mês.
Segundo Meirelles, uma equipe técnica formada pela sua secretaria, assim como a de Castro Júnior, além da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do Estado (Sedur), a Metroplan, que é órgão responsável pelo transporte na Região Metropolitana, e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) da Capital, não parou de trabalhar enquanto o texto está em análise. Com isso, as linhas que devem receber o piloto já estão sendo mapeadas, assim como o número de passageiros de cada uma, para agilizar o processo.
— Já temos apontado algumas linhas, alguns trajetos, em que serão feitos os pilotos, para a gente começar a trabalhar nessa redução de custo e na melhor utilização de frota, tanto metropolitana quanto urbana. A gente só precisa da formalização por parte da prefeitura para dar seguimento, mas, neste momento, como a gente está fazendo esse diagnóstico, não está nos atrapalhando, não está causando nenhum atraso — enfatiza o secretário extraordinário.
Meirelles aponta que, por parte do Estado e dos operadores metropolitanos, existe uma "maior maleabilidade" por uma questão contratual, que permite fazer ajustes. Ele destaca, porém, que, por parte de Porto Alegre, como é um serviço concedido com licitação, é necessário "ter uma conversa" com os operadores para poder viabilizar a integração. Ele reforça que os planos devem sair logo do papel para dar sustentabilidade ao transporte público:
— O Estado colocou R$ 88 milhões de auxílio emergencial nos operadores do sistema metropolitano. Em Porto Alegre, se não me engano, foram mais de R$ 100 milhões de auxílio só em 2021. Por isso, a gente está falando em redução de custos. Ninguém vai perder passageiro. O passageiro que é urbano e, portanto, dos concessionários de Porto Alegre, vai continuar sendo passageiros do município. E os metropolitanos vão continuar sendo metropolitanos — enfatiza Meirelles.
O secretário estadual afirma que isso vai ser possível porque as duas tecnologias de bilhetagem eletrônica vão estar embarcadas no mesmo carro, o TRI e o TEU:
— Mais de 80% dos pagamentos são feitos com esses cartões, então, facilita a verificação se o passageiro é metropolitano ou urbano. Acredito que a integração também seja uma prioridade para os operadores, que estão pedindo socorro ao município ou ao Estado porque estão tendo que colocar valores altos para subsidiar esse serviço. Onde a gente conseguir ter uma redução de custo nessa operação, por volta de 50%, eu acredito que é interessante para todos, tanto para os concessionários quanto para os poderes concedentes.
Para quem está pensando que essa redução de custos vai deixar a situação do passageiro pior, com ônibus ainda mais lotados e demora maior para chegar ao destino, Meirelles garante que esse não é o objetivo. Segundo ele, a ideia não é trabalhar nos horários de pico, mas, sim, nos de entrepico, que, de acordo com o secretário, vai da metade da manhã até o meio da tarde e, depois, volta a partir das 20h.