Chegando ao seu segundo dia nesta quinta-feira (31), a greve dos peritos médicos federais já reduz a capacidade de atendimento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Porto Alegre. Na agência da Avenida Bento Gonçalves, bairro Partenon, onde acontecem as perícias, havia quem fosse orientado a voltar para casa e aguardar que o órgão entrasse em contato para reagendar o procedimento. A categoria se uniu à paralisação dos previdenciários, que ocorre desde a semana passada.
Na Bento Gonçalves, os portões eram mantidos fechados. Quando algum usuário chegava, um profissional da portaria conferia o nome em uma planilha. Se o perito destinado àquele atendimento estivesse presente, a orientação era aguardar na rua até o horário da perícia. Se o médico não tivesse comparecido, a pessoa deveria voltar para casa e esperar o contato do INSS. A estimativa no local era de que cerca de metade dos peritos tivessem aderido à paralisação.
Na agência da Avenida Borges de Medeiros, Centro Histórico, não ocorrem perícias. Lá, os principais serviços são de atendimento feito por servidores previdenciários, que dão informações, orientam e ajudam a fazer o cadastro para a utilização dos canais remotos. Com exceção do balcão de informações, só eram atendidas pessoas que tinham feito agendamento prévio. Segundo funcionários no local, esse atendimento estava ocorrendo normalmente. Os portões estavam abertos.
No prédio onde funciona a gerência regional do INSS, na Rua Jerônimo Coelho, um piquete com menos de 10 pessoas e uma faixa sinalizavam que os servidores públicos federais estavam em greve e reivindicavam um reajuste de 19,99%, além de melhores condições estruturais. Lá, funcionam as áreas administrativas do órgão, que, hoje, estão operando de forma remota.
Um dos presentes no local era Regis Boeck, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no Rio Grande do Sul (SindisprevRS). Ele considera que a adesão dos peritos deve fortalecer a greve.
— Temos uma defasagem administrativa de 23 mil servidores, então quem ficou nas agências são mais os estagiários e os peritos. Por isso, a adesão dos peritos agrega bastante à paralisação — analisa o previdenciário.
A entidade relata que desde 2015 tenta dialogar com o governo federal, sem sucesso. Os sindicalistas reclamam de más condições de trabalho, com sistemas e internet precários, e a falta de reposição salarial há cinco anos.
Procurado, o INSS informou que não se manifestará sobre a paralisação dos servidores. A orientação à população é de que busque atendimento por meio dos canais remotos: o telefone 135, o site e o aplicativo Meu INSS.