Servidores federais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do Trabalho, da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entraram em greve em várias cidades do país nesta quarta-feira (23). Em Porto Alegre, a concentração ocorre desde as 7h defronte ao prédio da Gerência Executiva do INSS (Gexpoa), localizado na Rua Jerônimo Coelho, 127, no Centro Histórico.
A reivindicação é por abertura imediata de negociação com o governo federal por reposição salarial. Os trabalhadores estão sem reajuste há quatro anos e exigem ressarcimento de 19,99% (índice referente às perdas salariais dos últimos três anos).
Por volta das 10h, cerca de 40 pessoas estavam mobilizadas no local, portando cartazes e faixas.
— Temos três pontos essenciais de reivindicação: reposição salarial, valorização da carreira em relação a um acordo de greve feito em 2015 que não foi cumprido até o momento pelo governo federal, e as condições de trabalho, para que possamos atender o público. Hoje, estamos com a metade dos servidores em relação ao que tínhamos há quatro anos. Apesar disso, a nossa produção aumentou em 30% nesse período. Ou seja, os servidores estão trabalhando mais — explica Daniel Emmanuel, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no Rio Grande do Sul (SindisprevRS).
Conforme Emmanuel, que citou o sucateamento físico em unidades para o atendimento à população, atualmente há 1,8 milhão de processos represados na fila do INSS.
— São pessoas à espera de aposentadoria e auxílio-doença que não conseguimos atender — completa.
Segundo Alcieres Cardoso, também diretor do SindisprevRS, os servidores temporários contratados entre 2019 e 2020 estão atendendo nas unidades, e até militares em alguns postos do país.
— O Ministério Público afirmou que temos um déficit de 18 mil pessoas no INSS — pontua.
Uma assembleia dos grevistas iniciou às 15h desta quarta na sede do sindicato, localizado na Travessa Franscisco de Leonardo Truda, 40. Ao final do encontro, um balanço das primeiras horas da mobilização será divulgado.
Neste primeiro dia, o atendimento nos postos do INSS de Porto Alegre não foi afetado de forma significativa. Às 10h30min, na unidade da Avenida Borges de Medeiros, apenas 13 pessoas aguardavam na fila.
— Não estava sabendo da greve — disse a aposentada Marina Reis, de 76 anos, que chegava para ser atendida.
Situação parecida era percebida no posto situado na Avenida Bento Gonçalves, no bairro Partenon. Apenas quatro pessoas esperavam por atendimento em torno das 11h. O setor de avaliação social não estava atendendo, mas os demais, como o de perícia, operavam normalmente.
— Tenho horário agendado e não sabia da greve. Preciso ver um documento para levar para a faculdade e tentar agendar outro atendimento para o meu pai — relatou a diarista Rosimere Fonseca de Oliveira, 44, que esperava ser chamada na fila.
A servidora pública Paula Andrade, 38, havia procurado atendimento na segunda-feira (21), mas não conseguiu. Por isso, precisou voltar ao local nesta quarta.
— Agora estou com horário agendado para ver uma declaração — comentou, salientando que também não tinha conhecimento da greve dos servidores federais.
O INSS informou que a orientação é para as pessoas que possuem horário agendado não deixarem de comparecer nos postos para o atendimento. Se o INSS não conseguir realizar o atendimento, haverá reagendamento para a data mais próxima sem prejuízo de concessão do benefício para o segurado (será mantida a data de entrada do requerimento e o valor será devidamente corrigido). O INSS ainda destacou que a presidência do órgão deve emitir um posicionamento sobre a greve até o final do dia.