Abandonado, alvo de furtos e da ação do tempo, o Viveiro Municipal de Porto Alegre começou a ser recuperado nesta quarta-feira (22). A ordem de início das obras foi assinada pela manhã pelo prefeito Sebastião Melo na área da Lomba do Pinheiro e, à tarde, operários já trabalhavam no solo para a construção de uma das estufas.
Há mais de quatro décadas, o viveiro é o local onde se cultivam, desde a germinação, árvores e plantas ornamentais que serão transplantadas para ruas e praças da Capital. Ele chegou a ficar meses sem energia elétrica em 2019, teve a cobertura das estufas destruídas por falta de manutenção e acabou adquirindo a aparência de um cemitério de mudas.
Há três anos, não se plantavam mais vegetais novos: os quatro servidores que permaneciam no local mantinham as mudas já desenvolvidas, especialmente as raras e ameaçadas de extinção, explica o chefe da equipe, Rogério Otávio Schmidt.
A reativação do viveiro ajudará a evitar o fim de algumas dessas espécies nativas.
— Vamos produzir mudas autóctones que já não se encontra mais. Pela difícil germinação ou condução, às vezes seu plantio não é atrativo para o viveiro comercial — explica o diretor de áreas verdes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (Smamus), Alex Souza.
Também estão sendo alinhadas parcerias para a utilização do laboratório de sementes que há no viveiro, com equipamentos nunca utilizados. É o caso de duas câmaras de germinação, há anos no local, uma das poucas coisas que resistiram aos saques. Uma equipe da Guarda Municipal tem agora uma sala no espaço para aumentar a segurança.
As obras
Passarão por reforma todos os prédios administrativos e as estufas. Duas delas, em ruínas, foram demolidas e serão reconstruídas após a elevação do solo — abaixo do nível da rua, essa área costumava alagar — e as outras terão a cobertura e o sistema de irrigação substituídos.
Como estrutura de apoio, o prédio da administração terá escritório, copa, sanitários acessíveis e sala multiuso, principalmente para eventos de educação ambiental, espaço para informar e chamar a atenção da população para a importância da valorização da flora local.
A capatazia abrigará adequadamente os funcionários, contendo vestiários, cozinha e refeitório, área de convivência e espaço para descanso. Ainda como apoio, haverá o galpão de ferramentas e equipamentos e prédio para depósito de insumos e expedição das mudas aptas para o plantio.
As obras devem estar prontas até julho de 2022. A reforma foi viabilizada por meio de um Termo de Alienação de Solo Criado por Contrapartida (TASCC), em que a empresa, ao invés de pagar pelo excedente de potencial construtivo, realizará obras em benefício à sociedade. A construtora Melnick será responsável pela obra, no valor de R$ 2,7 milhões, em compensação a um empreendimento localizado na Avenida Nilo Peçanha.
Alguns servidores municipais serão relocados para o viveiro para trabalhar no plantio e cultivo de mudas em um primeiro momento, mas a prefeitura quer lançar no próximo ano um edital para que uma empresa especializada opere toda a estrutura.
— Porto Alegre já foi a capital mais arborizada do Brasil, e a gente pretende retomar esse posto — destaca Alex Souza.