Apesar da base do governo municipal na Câmara de Vereadores de Porto Alegre ter priorizado o projeto de lei que permitiria a construção de torres comerciais pelo Inter ao lado do Beira-Rio, a votação não deve acontecer nesta quarta-feira (22), último dia de trabalhos da Casa em 2021. O líder do MDB na Câmara, Idenir Cecchim, foi quem sinalizou a retirada da prioridade. Há, ainda, cerca de outros 10 a 12 projetos de leis encaminhados na pauta do dia para a votação.
A informação foi inicialmente apurada pela coluna de Rosane de Oliveira e confirmada pela reportagem de GZH. Segundo Cecchim, os projetos que serão debatidos apresentam menos polêmicas, como contratação de funcionários temporários e aquisição de equipamentos pela própria Câmara.
— Alguns vereadores não estavam bem esclarecidos sobre o projeto. Conversei com o prefeito Sebastião Melo na madrugada. E se o governo é de diálogo, é preciso que exista o diálogo na Câmara também. Houve conversas ao longo da semana com direção do Inter e vereadores, mas ainda assim alguns vereadores não estavam de acordo com as contrapartidas do Inter — explicou Cecchim à reportagem.
O tema foi debatido ao longo de 2021 com audiência públicas, análises das comissões específicas de engenharia, sustentabilidade e cultura da Câmara e argumentações de partes contrárias e favoráveis ao projeto. A alteração via lei se faz necessária porque a área onde o Inter pretende construir os imóveis comerciais foi originalmente doada ao clube para fins esportivos, e não de exploração particular. Além disso, há o debate do impacto visual e ambiental que dois prédios com mais de 70 metros de altura causariam na orla do Guaíba.
— Também é preciso esmiuçar o projeto, ver as contrapartidas. É uma intervenção importante em um local importante, é necessário que todos vereadores entendam o que estão votando — acrescentou o vereador, que negou a influência da mobilização de movimentos políticos do Colorado contrários ao projeto, na decisão desta quarta.
As contrapartidas até agora oferecidas pelo Inter são um píer público para o Catamarã ao lado do estádio, obras restauradoras no Asilo Padre Cacique, criação de uma faixa extra na avenida de mesmo nome, reforma da UBS Santa Marta e construção de uma escola infantil pública para 250 crianças, a ser definida pela prefeitura.
Com o adiamento, a pauta será apreciada apenas a partir de janeiro de 2022.
O vereador Jonas Reis (PT), representante da oposição na Câmara, comemorou a mobilização de setores culturais que foram pessoalmente até o plenário nesta manhã de quarta-feira. A ideia era pressionar os vereadores durante o debate que acabou sendo adiado pelo MDB.