O cheiro de carne cozinhando e feijão fervendo na panela mudou a manhã desta quinta-feira (9), na comunidade do Parque dos Maias, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre. Foi lá que a prefeitura inaugurou a quinta unidade do Prato Alegre, rede de restaurantes administrados por Organizações da Sociedade Civil (Oscips) em parceria com o município. Em dias normais, o local abrirá por volta das 11h e seguirá atendendo até as 13h.
Nesta quinta-feira, em clima de inauguração, a abertura ocorreu alguns minutos antes. Uniformizados com coletes verde fluorescentes, membros da Associação Beith Shalom, conhecida pelo Projeto Amor, receberam os primeiros a chegarem no local e conferir se eles estavam inscritos no Cadastro Único (CadÚnico). A Oscip que vai administrar o espaço é responsável por outras três unidades do restaurante na cidade, nos bairros Cruzeiro, Floresta e Lomba do Pinheiro.
Com movimento bastante tranquilo, uma das primeiras pessoas a chegar foi a dona de casa Genesis Saints, 25 anos. Desempregada, ela veio da Venezuela para o Brasil há seis anos. Moradora do bairro Santa Rosa de Lima, Genesis caminhou cerca de uma hora até o Prato Alegre do Rubem Berta, com o filho João, de seis meses, no colo.
O marido de Genesis não veio, ele tenta diariamente conseguir um emprego, rodando por sinaleiras com uma placa onde cita a necessidade de um trabalho. O casal mora de aluguel no Santa Rosa de Lima e tem encontrado dificuldades para se manter, ainda mais com a chegada do filho João. Ainda assim, Genesis responde com bom humor quando é questionada ter tido um filho brasileiro.
— Na verdade, ele é gaúcho — diverte-se ela, brincando com o bairrismo dos nascidos no Estado.
Primeiros frequentadores
Genesis e o filho João foram a primeira família atendida no restaurante do Rubem Berta. No cardápio do dia de abertura, além da inseparável dupla arroz e feijão, ainda era possível servir almôndegas, batata inglesa cozida, legumes cozidos e salada de rúcula. O casal Fabiano Pereira, 33 anos, e Noádia Maurente, 27 anos, não abriu mão de nenhuma das opções. Os dois descobriram a abertura do local poucos minutos antes do horário de funcionamento iniciar.
— Vimos no grupo do Facebook de moradores aqui do bairro. Aí viemos conhecer — conta Noádia.
Metalúrgico por profissão, ele não consegue emprego na área há mais de cinco anos, então, tem trabalhado em bicos na área da construção civil. A renda para manter a casa alugada é completada pela venda de torrões de amendoim por Noádia. Os dois comemoraram a abertura do restaurante a poucos minutos de caminhada de casa.
— É bom, é mais um troco que a gente consegue economizar. A coisa não tá fácil — diz Fabiano.
Quem também precisou caminhar pouco para chegar ao local foi o gráfico desempregado Marco Antônio da Silva, 56 anos. Ao consultar no posto de saúde de sua referência, ele foi informado pela médica que lhe atende que o Prato Alegre abriria no bairro. Não teve dúvida, logo perto do meio-dia, já estava servindo seu almoço no local.
— Tenho um pouco de dificuldade para caminhar, mas consegui vir. E valeu muito a pena, a comida está boa demais — elogia Marco.
Podem ser atendidas pessoas em situação de rua ou em alta vulnerabilidade social, que precisam estar cadastrados na rede de assistência social do município.
Preparação em 15 dias
Diretor da Beith Shalom, Niles Kael Junior conta que, desde o recebimento das chaves no espaço na Rua Caetano Fulginiti, foram cerca de 15 dias para pequenos reparos e instalação dos equipamentos da cozinha industrial do restaurante. O local também conta com banheiro e pia para que os frequentadores possam fazer a higienização das mãos antes de se servirem.
— Achamos um local muito bom, temos um público que será bastante beneficiado aqui no entorno — cita Niles.
Durante a abertura, o diretor da Oscip estava acompanhado de Joel Zanfir, o coordenador das cozinhas da Beith Shalom na cidade. É ele o responsável pela montagem dos equipamentos e também dos cardápios.
— É mais um espaço onde poderemos auxiliar estas comunidades — diz Joel.
Como usar o restaurante
- Podem ser atendidas pessoas em situação de rua ou em alta vulnerabilidade social.
- Para isso, é preciso estar cadastrado na rede de assistência social do município.
Conheça os restaurantes
Centro
- Rua Garibaldi, 461, Floresta
- Atende nos sete dias da semana, das 11h às 13h
Zona Sul
- Estrada Chácara do Banco, 71, Restinga
- Rua Dona Otília, 210, Cruzeiro
- Atendem de segunda a sexta-feira, das 11h às 13h
Zona Leste
- Rua Cacimbas, 159, Lomba do Pinheiro
- Atende de segunda a sexta-feira, das 11h às 13h
Zona Norte
- Rua Caetano Fulginiti, 95, Rubem Berta
- Atende de segunda a sexta-feira, das 11h às 13h