Um congestionamento diferente se forma na esquina das avenidas Ipiranga e Edvaldo Pereira Paiva aos finais de tarde, sem fumaça de cano de escapamento nem barulho de buzina. Quanto mais baixo o sol, maiores ficam as filas de ciclistas que esperam junto à sinaleira para acessar ou deixar a região da orla do Guaíba.
Nesse ponto, onde se encontram as duas ciclovias, GZH chegou a contar na quarta-feira (24) 19 bicicletas esperando para atravessar, em apenas um dos lados. Essa concentração de ciclistas atraiu Vanessa Anezi, 27 anos, para coletar entrevistas para uma pesquisa nacional sobre ciclistas.
— É provavelmente o ponto mais movimentado da cidade nesse horário — diz ela.
O calor e a revitalização da Orla, que teve o segundo trecho entregue há pouco mais de um mês, têm feito muita gente tirar o pó da bicicleta para curtir o final de tarde se exercitando à beira do Guaíba. A assistente Giulia Cassol, 23 anos, nem lembra quando tinha utilizado a bicicleta pela última vez.
— O resto da cidade não tem tanta infraestrutura para ciclista e nem essa vista linda — comenta.
Quem usa as bikes compartilhadas do Bike Poa nesse horário tem passado perrengue. As três estações da Orla, entre a Praça Gasômetro e a Rótula das Cuias, não tinham bicicleta disponível às 18h30min, e usuários reclamam de longas filas para conseguir acessar o serviço.
Karoline Duranti, 25 anos, pegou uma das últimas na estação do Iberê Camargo. Chegou às 17h e às 17h10min não havia mais.
— Acho que tinha que ter mais estações — opina.
Por nota, a Tembici, empresa responsável pelo Bike Poa, informou estar ciente da alta procura pelas bikes na região da Orla em Porto Alegre e que sua equipe de planejamento urbano realizou realocações de estações no sábado (27) — uma foi movimentada para o Trecho 3, inclusive, em frente à megapista de skate.
Um novo edital que a prefeitura está preparando deve permitir mais de uma empresa para atuar no serviço de bicicletas compartilhadas em Porto Alegre. Está sendo proposto que a escolha seja feita não por licitação, mas por credenciamento. O edital está sob análise da Procuradoria-Geral do Município (PGM) e deve ser publicado “nos próximos dias”, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU).
Até havia uma expectativa de que esse texto estivesse pronto em outubro, mas, segundo a PGM, está “levando mais tempo pois é um processo de seleção por credenciamento, com regramento diverso”.
Semáforo na Ipiranga com a Edvaldo
GZH questionou também a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) sobre os tempos do semáforo da Avenida Ipiranga com a Edvaldo Pereira Paiva, onde formam-se filas para travessia de bicicletas. No final da tarde de quarta-feira, a reportagem contou um minuto e 30 segundos para a passagem dos veículos e 15 segundos para pedestres e ciclistas.
Segundo a EPTC, existe um padrão nos tempos de pedestre e bicicletas que varia conforme a distância da travessia. Nos casos em que o volume é elevado, tanto de pedestres quanto bicicletas, esse tempo pode ser modificado. A população pode fazer uma solicitação de ajuste de tempo nas travessias via telefone 118.
A empresa pública também destaca que vai analisar o trecho em questão para verificar a necessidade de alteração no tempo programado para o local. Cabe ressaltar que, em locais com botoeira, o pedestre ou ciclista deve acionar o botão para que o tempo de verde seja realizado no ciclo da sinaleira.