O centro de Porto Alegre foi palco de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro neste sábado (2), com concentração inicial no Largo Glênio Peres.
O ato, que ocorreu em várias capitais do país e cidades de interior, buscou a unidade dos setores da esquerda e da centro-esquerda. A organização e atuação foi de partidos como PT, PC do B, PSOL, PSB, PDT e PCB, além da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e as frentes Brasil Popular, Povo Sem Medo e Povo na Rua.
Em Porto Alegre, pouco depois das 15h , já havia concentração de manifestantes desde a Avenida Júlio de Castilhos, ocupando ainda a Avenida Borges de Medeiros na sua extensão até a Esquina Democrática. A Praça Montevidéu, onde fica a prefeitura, também ficou tomada.
Pelo menos dois caminhões de som puxaramm os protestos, acompanhados por instrumentos de percussão. Os manifestantes entoaram gritos de "Fora Bolsonaro" e qualificam o presidente como "genocida" e "corrupto".
Também houve defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), da aplicação massiva de vacinas contra o coronavírus e manifestações de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora o ato tenha reunido várias organizações, incluindo pessoas que não manifestavam nenhuma preferência partidária em bandeiras, vestimentas ou cartazes, era visível que a maioria dos presentes era formada por militantes e simpatizantes do PT.
Outra pauta defendida foi o impeachment de Bolsonaro. O ato político começou com discursos às 15h22min, com a fala do deputado federal Paulo Pimenta (PT).
— O povo brasileiro não aguenta mais, ele quer voltar a ser feliz, ter esperança e dignidade. Esse governo genocida, que já matou 600 mil pessoas, fez o país voltar a conviver com a fome e a miséria, não pode continuar — afirmou Pimenta.
O discurso na linha do "cansaço" com o governo federal foi recorrente.
— Basta dessa família de criminosos, basta de usar o povo como cobaia. Ninguém aguenta um gás de cozinha a mais de R$ 100. Ninguém aguenta mais esse governo de delinquentes — afirmou a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL).
Já o presidente estadual do PC do B, o ex-deputado estadual Juliano Roso, disse acreditar que Bolsonaro um dia será julgado e condenado por supostos crimes cometidos contra a saúde pública na gestão da pandemia.
A psicóloga aposentada Marília Saldanha, 57 anos, foi ao protesto de bicicleta e portando um cartaz com a inscrição "Bolsocaro", alusão aos altos preços e inflação. A pauta econômica foi tema frequente, com manifestações críticas direcionadas ao custo dos alimentos e do gás de cozinha.
— Bolsonaro tem de sair do poder pelos valores que defende. Ele defende só a família tradicional, e assim exclui todas as outras formas de família que podem existir. É um homem violento, defende tortura, faz agressão discursiva contra a mulher. Ele mentiu no discurso na ONU e é um homem pouco inteligente. Vou seguir vindo aos protestos até ele cair — afirmou Marília.
Principio de confusão
Houve princípio de confusão quando uma liderança da Rede foi chamada para se manifestar. Enquanto ele discursava, uma pequena militância do PCO que estava em frente ao caminhão de som chamava o representante da Rede de "golpista". Ao terminar o discurso, o dirigente partidário, irritado, jogou água nos militantes do PCO.
No alto do caminhão de som, outro homem reagiu e foi preciso intervenção para evitar uma briga com enfrentamento físico.
Logo depois, a deputada estadual Juliana Brizola (PDT) se manifestou fazendo alusão, em sua camisa, à pré-candidatura presidencial de Ciro Gomes. Havia uma ala de "ciristas" no ato. Juliana chegou a ser vaiada pelo grupo do PCO, mas prosseguiu sem percalços o seu discurso de protesto contra o governo Bolsonaro. Também houve espaço para críticas às privatizações.
A caminhada dos manifestantes começou às 16h25min, seguindo pela Avenida Júlio de Castilhos. À frente, estava uma grande faixa com os dizeres "Fora Bolsonaro", carregada por militantes da CUT e da CTB. Quando o grupo que seguia à frente chegou no final da Avenida Júlio de Castilhos, ainda havia manifestantes que estavam em frente ao Mercado Público. Isso fez com que o ato ocupasse uma extensão de cerca de 550 metros. As pessoas usavam máscara de proteção facial majoritariamente, mas houve pontos de aglomeração, o que não é recomendando devido à pandemia de coronavírus.
Os manifestantes seguiram pela Avenida Júlio de Castilhos até o Túnel da Conceição. Em seguida, saíram na Rua Sarmento Leite, passaram pela Avenida Loureiro da Silva e se dirigiram até o Largo Zumbi dos Palmares. Por volta das 18h30min, os dois sentidos da Avenida Loureiro da Silva estavam liberados para o trânsito e a maioria dos manifestantes já havia dispersado.