A festa que reuniu 556 pessoas no domingo (25), na Casa NTX, na zona norte de Porto Alegre, terminou pontualmente às 23h, mas o trabalho envolvendo o evento-teste continua ao longo desta semana. Parte do público voltará a fazer exames de covid-19 nos próximos dias, em monitoramento acompanhado pela equipe de Vigilância em Saúde da prefeitura de Porto Alegre.
Passo importante nos esforços de empresários para retomar as atividades das casas noturnas, essa foi a primeira festa autorizada a dispensar distanciamento e o uso de máscaras. Os frequentadores pagaram ingressos entre R$ 150 e R$ 200 e realizaram teste de antígeno antes. Nove pessoas positivaram e não puderam participar.
Coordenador da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter relata que uma equipe da prefeitura atestou o cumprimento dos protocolos de proteção à covid-19 aprovados pelo Governo do Estado. Segundo Ritter, havia distanciamento na fila; não entrou ninguém sem testagem, nem colaborador, nem do público; os funcionários usavam máscara; havia um ambiente isolado para quem tivesse teste de covid positivado na entrada da festa; houve a correta sanitização do ambiente; foi observada a proibição de grupos de risco e houve treinamento prévio dos colaboradores, entre outras medidas.
Mas ele ainda não se arrisca a fazer uma avaliação consolidada:
— Só vou ter resposta precisa depois que sair o resultado dos testes de covid pós-evento. Se não tiver contaminação, ótimo, deu certo. Se tiver, vamos rever protocolos, vamos ser mais rígidos.
Cerca de 200 pessoas devem ser testadas novamente nesta terça (27) ou quarta-feira (28) no estacionamento da Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil (ADVB) em Porto Alegre, e os resultados serão encaminhados à equipe de Ritter. Se alguém estiver com coronavírus, a prefeitura vai recomendar a testagem de todos que foram à festa.
— Os organizadores têm os contatos telefônicos e os dados de todas as pessoas, têm que comunicar todos individualmente. Vamos cobrar da empresa que faça isso – diz Ritter.
O empresário Marcos Paulo Magalhães, um dos organizadores do evento, explica que os frequentadores também estão respondendo a uma entrevista por WhatsApp para esclarecer seu estado de saúde, se têm algum tipo de sintoma relacionado à doença.
Magalhães faz uma avaliação do evento "extremamente positiva":
— Apesar de ser um teste, todos os protocolos propostos funcionaram e afastaram as pessoas infectadas do evento, o que possibilitou que as pessoas que lá estavam se divertissem com um nível de segurança altíssimo, mesmo ainda estando em pandemia. Agora é apresentar todos os dados para o poder público e continuar os alinhamentos para que esses protocolos sejam aceitos para eventos futuros.
Prefeitura busca flexibilização junto ao Governo do Estado
O prefeito Sebastião Melo apresentou no dia 14 ao Gabinete de Crise do Governo do Estado uma proposta de novos protocolos sanitários para reabertura gradativa de grandes eventos. Porto Alegre e os demais municípios que integram a R10 (Cachoeirinha, Alvorada, Gravataí, Viamão e Glorinha) sugerem a realização de eventos com ingresso apenas de pessoas testadas e negativadas para covid-19 e, em um segundo momento, aquelas com esquema vacinal completo.
Segundo esse calendário, haveria um aumento gradual da capacidade dos eventos, a cada duas semanas. Primeiro, seriam autorizados eventos com ocupação máxima de 50% do alvará ou do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) e limite de público de mil pessoas. Após, poderiam ser liberadas atividades com 50% da ocupação máxima até 5 mil pessoas, então ocupação de 75% e público de 10 mil e, em setembro, poderia chegar a 20 mil pessoas. Depois dessas oito semanas, de acordo com a evolução da vacinação e do contágio do vírus, a prefeitura avaliaria se poderia abrir mão do teste de covid.
Na semana passada, o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre, Vicente Perrone, demonstrou descontentamento com o Gabinete de Crise do Rio Grande do Sul em razão do que a prefeitura enxerga como demora para dar uma resposta.
— Trata-se de um pleito de uma região economicamente importante, pedimos atenção à relevância da demanda — diz Perrone.
Na quinta-feira (22), foi realizada uma reunião em que o Estado pediu mais esclarecimentos, entre outros, sobre como ocorreria a fiscalização dos eventos – o chefe da Vigilância em Saúde garante que, com a realização de cinco eventos por dia, há equipes para fazer o acompanhamento.
A GZH, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou, por e-mail, que a prefeitura já respondeu aos questionamentos e que a demanda "entra em análise nesta semana".