A coleta domiciliar de lixo segue interrompida nesta quarta-feira (9) em Porto Alegre. O motivo é a paralisação de funcionários da empresa responsável pelo serviço, que deixaram as ruas na terça-feira (8) reclamando da falta de férias e do pagamento do benefício. Uma reunião entre a empresa terceirizada B.A. Meio Ambiente, os funcionários e o Ministério Público do Trabalho (MPT) acabou sem acordo na manhã desta quarta.
No encontro, ficou determinada uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho entre a terceirizada e o sindicato que representa os trabalhadores. A data ainda não foi definida. A Procuradoria-Geral do Município (PGM) fez esse pedido para que os fatos sejam colocados em juízo.
A solução encontrada pela prefeitura da Capital para atender os 38 bairros e vilas impactados com a interrupção da coleta domiciliar de orgânicos e rejeitos foi montar uma força-tarefa: cerca de 80 caminhões do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) e de outras outras parcerias da prefeitura estão recolhendo os resíduos.
Na tarde desta quarta-feira, a reportagem de GZH voltou a circular por pontos com a coleta atrasada. Em alguns locais, como na região do bairro Azenha, as equipes da prefeitura que participaram da força-tarefa coletaram os dejetos. Entretanto, em locais dos bairros Cristal e Tristeza, na Zona Sul, havia bastante lixo acumulado nas calçadas, junto a postes e árvores.
O comerciante Rodrigo Miraço tem um pequeno mercado na Avenida Wenceslau Escobar, no bairro Cristal. Ele contou que percebeu transtornos nos últimos dias, o que atrapalha a atividade dele.
— Como é estabelecimento comercial, a gente tem de colocar para fora, junta bicho e pode ser ruim até para o cliente. Eu coloquei de manhã e já tive de recolher no fim do dia — destacou.
No bairro Tristeza, a advogada Giovana Dalfollo foi alertada pelo condomínio sobre os problemas de coleta. Ela está preocupada com a situação.
— A gente tem um compartimento no condomínio, não pode deixar na rua. Tá lá, estamos acumulando. Ainda mais nesses tempos de coronavírus, a gente começa a ficar preocupada — frisou.
De acordo com dados do DMLU, aproximadamente 40% do que estava nas vias da cidade — em torno de 120 cargas — foi recolhido na manhã desta quarta. O objetivo da força-tarefa é manter as rotas do dia a dia, para que não haja maior acúmulo de resíduos nas ruas da Capital.
A empresa B.A. Meio Ambiente disse, por meio de nota, que atende integralmente o contrato com o Executivo municipal. A terceirizada afirma que está com os salários e obrigações trabalhistas em dia.
O serviço da coleta domiciliar porta a porta compreende 42 setores diurnos e seis roteiros em vilas, além de 21 setores noturnos, totalizando 48 caminhões no turno do dia e 21 caminhões no turno da noite. A prefeitura informou que paga cerca de R$ 4 milhões mensais para a empresa B.A. Meio Ambiente, que realiza essa modalidade de coleta na Capital.
Leia a nota da empresa na íntegra
A B.A. Meio Ambiente esclarece que atende integralmente o contrato junto ao Município de Porto Alegre, estando com todos os salários e demais obrigações trabalhistas dos colaboradores rigorosamente em dia.
Todas as reivindicações foram ouvidas, porém alguns funcionários se mostraram relutantes em prosseguir com qualquer negociação e em claro abuso do seu direito constitucional à manifestação.
O judiciário foi acionado e, por meio de decisão judicial, foi determinado que a Brigada Militar acompanhe as manifestações e garanta que os funcionários que pretendem executar as suas atividades possam sair com os caminhões da garagem em segurança.