Diversas ruas e avenidas de Porto Alegre amanheceram com lixo acumulado nas calçadas nesta quarta-feira (9). O motivo é a paralisação de funcionários da empresa responsável pela coleta domiciliar, que interromperam os trabalhos na terça (8) reclamando de falta de férias e do não pagamento do benefício.
A chamada coleta automatizada, dos contêineres, não foi afetada e segue funcionando normalmente.
Desde as primeiras horas da manhã, ouvintes da Rádio Gaúcha mandaram relatos de lixo acumulado em diferentes bairros como Sarandi, Parque dos Maias e Passo das Pedras, na Zona Norte, e Guarujá e Ipanema, na Zona Sul. A reportagem de GZH passou por avenidas como Vicente da Fontoura, Azenha, Wenceslau Escobar e Farrapos e também constatou o problema.
Na zona norte da Capital, havia muito lixo em várias ruas do bairro Sarandi. Na Rocco Aloise e na Xavier Carvalho, havia sacolas plásticas amontoadas na frente de praticamente todas as casas.
Moradora da Rua Carlos Estevão, no Jardim Leopoldina, Maria de Lourdes Rodrigues, 77 anos, vestiu capa, luvas de borracha e botas para arrumar o lixo que estava acumulado em frente ao prédio onde mora.
— Vou juntar tudo em uma sacola só e ligar pra ver que horas eles vem buscar. Já vi atrasarem a coleta, mas hoje está demais — contou.
Por volta das 7h, funcionários voltaram a se concentrar em frente à garagem da empresa responsável pela coleta, a B.A. Meio Ambiente, na Rua Caldeia, no bairro Sarandi. Eles reclamam também da falta de manutenção dos caminhões usados em serviço.
A prefeitura de Porto Alegre pediu ao Ministério Público do Trabalho (MPT) a mediação de uma negociação para a retomada da coleta domiciliar. Será acionada ainda a Defensoria Pública para representar os trabalhadores, que a maioria é de imigrantes do Senegal e do Haiti.
Uma reunião às 9h desta quarta, na sede da empresa, reunirá representantes dos funcionários, do MPT e de diferentes órgãos da prefeitura.
Procurada por GZH, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), por meio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), informa que não há débitos com a B.A. Meio Ambiente, que poderá sofrer sanções contratuais. Foi montada uma força-tarefa pra tentar minimizar os transtornos à população.
Por volta das 11h um dos caminhões da força-tarefa passou pela Rua Carlos Estevão, bairro Jardim Leopoldina, na zona norte de Porto Alegre. Dois funcionários com roupa da Cootravipa recolhiam os sacos plásticos que estavam na calçada e jogavam na caçamba do caminhão.
Para atender os 38 bairros e vilas impactados com a interrupção da coleta, a prefeitura utiliza 47 caminhões-caçamba sendo 33 das seções operacionais do DMLU, dez da Divisão de Conservação de Vias Urbanas (DCVU) da SMSUrb e as demais de outras parcerias. Também será utilizado um compactador da Cootravipa. Mais de 165 pessoas compõem a força-tarefa.
A prefeitura pede que a população evite colocar os resíduos nas calçadas até que a coleta seja normalizada. A SMSUrb projeta que o passivo das coletas será colocado em dia nesta quarta-feira.