A ideia do empreendimento ainda em gestação no Cais Embarcadero surgiu em dois momentos. Primeiramente, após uma conversa com o pessoal do restaurante circular da orla do Guaíba, o 360 POA Gastrobar, sobre clientes que desejavam fazer pedidos de dentro das embarcações. O segundo momento foi quando o consultor em direito ambiental Ioberto Banunas se fez uma pergunta:
— Porto Alegre tem 20 mil barcos registrados junto à Marinha. Fiz um levantamento e 2 mil deles ficam ancorados nos clubes náuticos da cidade. Onde estão os outros 18 mil?
A constatação de Ioberto — um navegador com 15 anos de experiência em águas locais a partir do Iate Clube Guaíba — é que milhares de barcos porto-alegrenses ficam parados ao longo da maior parte do ano. Ou em garagens da Capital ou em casas de praia, ambos à espera do verão para poderem ser utilizados pelos seus proprietários. Por que não usufruir do Guaíba?
Assim nasceu a CelebraNau, empresa que prepara o início das operações no Cais Embarcadero em meados de julho. Ela servirá como uma facilitadora do acesso de embarcações ao Embarcadero por meio de uma Praça Náutica, ideia tão inovadora que não havia uma forma de classificar o empreendimento. A empresa vem se reunindo quinzenalmente com a Marinha do Brasil para ajustar o modelo de operação.
Quem já teve a oportunidade de visitar o Embarcadero em um dia ensolarado percebeu que Ioberto acertou ao perceber a demanda literalmente represada de uso do Guaíba. Mesmo com o inverno se avizinhando, assim que o espaço foi inaugurado, barcos, lanchas com confraternizações particulares e motos aquáticas deram as caras mesmo sem que haja estrutura alguma para embarque e desembarque. Já houve, inclusive, tentativas de pessoas embarcadas de saltar para dentro do Embarcadero, para desespero dos seguranças.
Operação por aplicativo
A operação da Praça Aquática será regulamentada por meio do aplicativo da CelebraNau. O primeiro passo será o cadastro de navegadores: com nome, CPF e registro do tipo de embarcação. Uma vez cadastrados, os usuários poderão optar dos dois serviços pagos antecipadamente por cartão de crédito: reservar uma janela de 15 minutos de embarque ou desembarque no Embarcadero ou então realizar a ancoragem.
Na segunda opção, o comandante do barco desembarca seus convidados e depois é acompanhado até um local onde o barco ficará ancorado. Ele então é levado de bote pela CelebraNau para fazer o traslado até a orla. Nessa modalidade, o tempo de ancoragem varia entre uma e quatro horas. A Praça Náutica também terá um trapiche de embarque e desembarque do catamarã da Catsul, em ponto intermediário entre as estações Mercado e a da Zona Sul.
Para barcos que optarem por circular tripulados pelas águas, a CelebraNau estará à disposição para fazer entregas dos restaurantes do Embarcadero e de produtos que ela mesma oferecerá em uma loja de conveniência que deverá começar a funcionar perto do início do verão.
Por ora, a operação da Praça Náutica começará em uma plataforma flutuante de 12 metros de comprimento em frente aos cinco restaurantes da chamada Travessa Por do Sol. Assim que o estacionamento estiver em operação — o que ainda deve levar entre 40 dias e dois meses —, a CelebraNau completará sua carta de serviços com o auxílio para que embarcações cheguem por terra, rebocadas, e tenham acesso ao Guaíba por meio de uma rampa. Trata-se da mesma rampa em que os navios consertavam suas hélices e popas no antigo Cais Mauá.
Plano de expansão
Conforme houver aumento de demanda, Ioberto tem a previsão de instalar mais oito estruturas flutuantes de diferentes tamanhos e serventias além da primeira inaugurada em julho, três delas exclusivas para ancoragem de motos aquáticas.
Até a inauguração, a área que banha a Praça Náutica deverá ganhar a sinalização de área de esporte e lazer, como já ocorre com os clubes náuticos do Guaíba. A medida deve diminuir a atual confusão de barcos no local, que passarão a ter de obedecer ao detalhado regramento da Marinha sobre distâncias, barulho, limites de lotação dos barcos e afins. A equipe da CelebraNau, hoje de seis pessoas, deve crescer acompanhando a demanda.
O plano é que a Praça Náutica seja inaugurada em 16 de julho com um desfile de embarcações pelo Guaíba, mas a data ainda não é 100% certa. Por ora investidor solitário da ideia, Ioberto tem a convicção de que a exploração do Guaíba como área de lazer fará bem ao lago, conversando com a sua atuação no direito ambiental. Para investimentos futuros, espera contar com a boa vontade de linhas de financiamento de agências de fomento de turismo e de desenvolvimento sustentável:
— É utilizando um espaço que as pessoas aprendem a importância de preservá-lo.