Não era resquício de propaganda. Tampouco, alguma ação de reparo. Os cabos de aço que apareceram no topo da chaminé da Usina do Gasômetro, inclusive, estão lá há 10 anos.
A dúvida surgiu há pouco mais de um mês, quando o repórter fotográfico Lauro Alves, da Agência RBS, usou um drone para registrar imagens desta região da orla do Guaíba. A foto mostra a boca da chaminé.
Nela, dois cabos em formato de "x" foram identificados. O responsável pelos cabos é um colombiano: o escultor Oswaldo Maciá. Entre setembro e novembro de 2011, durante a 8a Bienal do Mercosul, ele usou a chaminé da Usina.
Dois alpinistas foram contratados. Eles instalaram os cabos. Neles, uma corda descia por dentro da chaminé.
Quatro caixas de som foram amarradas a ela. O objetivo foi reproduzir uma “sinfonia de bigornas” que tocam o “martinete”, um ritmo tradicional dos ciganos da Espanha.
Ao final da exposição, a corda e as caixas de som foram retiradas. Os cabos foram deixados porque o contratante não o solicitou. Por estarem tanto tempo expostos, eles não podem ser reaproveitados em alguma nova ação e deverão ser descartados.
- Foram deixados porque o contratante não pediu para retirarmos - informa o alpinista Odilei de Souza Medeiro, de 42 anos.
Outro problema que a coluna foi informada é que a plataforma do topo da chaminé está apodrecida. Subir nela, atualmente, é perigoso. A prefeitura, inclusive, já teria sido comunicada, mas ainda não teria tomado providências.
Hipóteses descartadas
Uma hipótese levantada à época é que as cordas poderiam ser de equipamentos de rapel, pois, em 2018, a chaminé recebeu uma faixa publicitária como contrapartida pelo investimento feito na festa de fim de ano da orla.
Poderia ser também alguma recuperação que a chaminé, de 101 metros de altura, estivesse passando. Afinal, ela é de 1937 e a Usina do Gasômetro está sendo reformada. Porém, essa obra específica não foi incluída na restauração, conforme informou a prefeitura.
Três secretarias foram procuradas para saber ao certo do que se tratava: Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), Secretaria da Cultura (SMC) e Secretaria de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamums). Todas não sabiam ao certo que tipo de intervenção ocorrera.