A família vítima de um incêndio na manhã desta quinta-feira (13) morava há poucos meses na casa de madeira localizada junto à Rua Dona Teodora, próximo ao Viaduto Leonel Brizola, na zona norte de Porto Alegre. Consumida pelas chamas, que chegaram a atingir cinco metros de altura, a residência havia sido construída com terreno e materiais doados por familiares.
Josemar Fagundes, 33 anos, e Aline Reis, 34, viviam ali desde o final do ano passado com os três filhos, que morreram carbonizados. Cecília Reis Fagundes, um mês, Heitor Reis Fagundes, dois anos, e Lorenzo Gabriel Reis Fagundes, três anos, estavam em partes diferentes da casa e foram encontrados pelo Corpo de Bombeiros.
O casal está internado no Hospital de Pronto Socorro (HPS). Aline está em estado grave, com 60% do corpo queimado.
Segundo Roselaine Correa Porto, 20 anos, irmã de Josemar, o casal costumava se mudar com frequência, mas havia se estabilizado no local construído com o apoio da família. Ela diz que reciclagem é a principal fonte de renda dos dois, que também contam com doações para sobreviver.
Eles tinham dificuldades para conciliar a busca por sustento com a saúde fragilizada da filha mais nova, Cecília, que precisou ser hospitalizada algumas vezes desde que nasceu. Roselaine não soube informar precisamente qual era o problema de saúde da menina que morreu com os dois irmãos no incêndio desta manhã.
Roselaine conta que, enquanto Josemar saía cedo em busca de material para reciclagem, os filhos costumavam ficar com a mãe ou com outros parentes próximos, especialmente Jozilaine Dias Fagundes, outra irmã de Josemar, que também mora no bairro Humaitá.
— Foi ela (Jozilaine) que comprou o terreno e conseguiu as madeiras com outros familiares para construir uma casa para eles. Ela tinha muito convívio com os nossos sobrinhos, está muito abalada, em estado de choque. Essas crianças eram maravilhosas. Só brincavam, nunca incomodavam, eram nossos amores. Não sei nem o que dizer — lamenta.
Segundo ela, Josemar e Aline são naturais de Porto Alegre. Casados há cinco anos, eles também têm filhos de relacionamentos anteriores. Ele, duas meninas, e ela, uma menina.
Investigação
A Polícia Civil está investigando a causa do incêndio que vitimou a família nesta manhã. Responsável pelo caso, a delegada Laura Lopes, que instaurou inquérito, não descarta nenhuma hipótese, mas trabalha com uma principal linha de investigação ligada a acidente, sem descartar ação criminosa.
Segundo a delegada, uma primeira análise confirmou que não houve curto-circuito e que as chamas se iniciaram no único quarto do casebre, durando poucos minutos. Familiares e amigos estão sendo ouvidos, assim como estão sendo checadas informações sobre o dia a dia e o trabalho, bem como relações dos pais das vítimas.