O personal trainer Alessandro Antonello, 37 anos, carregou os pesos e as tiras elásticas para dar aula na Praça Nações Unidas na manhã desta terça-feira (6), recolheu tudo e migrou para o Parcão onde outro cliente o esperava ao meio-dia. Na pandemia, ele viu dobrar o número de alunos que preferem realizar o treino ao ar livre, faça calor, faça frio, e, para os mais corajosos, faça até chuva.
— O pessoal ficou com medo do lugar fechado — relata o profissional.
Mesmo com academias podendo reabrir há duas semanas em Porto Alegre — com lotação de uma pessoa para cada 32 metros quadrados de área útil de circulação —, os parques e as praças seguem cheios de gente disposta a gastar calorias longe de paredes.
A advogada Amanda Candeias, 38 anos, começou há um mês na Praça da Encol com a personal trainer Fernanda Vacchi Braga, 30 anos. Passou o último ano parada, e o isolamento dentro do apartamento começou a cobrar seu preço.
— É bom vir para a praça, ver gente, ver o sol. Dá mais disposição — conta Amanda, que já prefere treino ao ar livre à academia.
Mas isso não é unanimidade. O personal trainer Mateus Aver Tessari, 43 anos, e a aluna Bruna Pontalti, 29 anos, que se instalaram a alguns metros do treino da Amanda na Encol, seguem fãs de academia. Entre outros, pelo ar-condicionado e pelos equipamentos mais pesados que não dispõem em espaços públicos. A administradora ainda está fazendo aulas na praça por receio do contágio em ambiente fechado, mas aguarda os índices baixarem um pouco mais para voltar à antiga rotina.
Uma vantagem é que nos treinos da Encol ela pode levar o papillon Nilo junto, coisa que não podia na musculação.
— A mãe não gosta, mas ele ama — ri, apontando para o cachorro.
Para cidades que adotaram o modelo de cogestão, como a Capital, o decreto estadual permite a realização de exercícios físicos em praças e parques, com distanciamento mínimo de um metro. O uso correto da máscara, cobrindo boca e nariz, é exigido mesmo durante os exercícios.
Novas perdas previstas nas academias
Segundo a Associação das Academias Gaúchas Unidas, pelo menos 30% das empresas encerraram as atividades do início da pandemia até janeiro. Débora Braga, proprietária de uma academia de ginástica na Capital e integrante da diretoria da entidade, esclarece que esse levantamento não inclui as novas perdas com o agravamento da crise sanitária e o estabelecimento da bandeira preta no sistema de distanciamento controlado do Rio Grande do Sul. Ela conta que, desde fevereiro, a situação só piorou.
— O movimento é bem fraco. Inclusive, já há novos pedidos de cancelamento, por parte de alunos — diz Débora.
Pelas regras em vigência hoje na Capital, as academias só podem funcionar de segunda a sexta-feira, até 20h, atendendo uma pessoa para cada 32 metros quadrados de área útil. Débora acrescenta que esse tipo de restrição castiga especialmente pequenas academias e estúdios.
A associação se reuniu com o prefeito Sebastião Melo e outras autoridades na semana passada pedindo novas flexibilizações.