Muito populares entre os porto-alegrenses, as bicicletas compartilhadas podem ser uma boa alternativa para quem sente necessidade de sair de casa e esticar o corpo durante o distanciamento social. A vantagem é que pedalar é uma prática ao ar livre, o que reduz a chance de pegar coronavírus. Ainda assim, há a contaminação pelas superfícies — risco que ficou quase esquecido diante da forma mais grave, a de ficar frente a frente com uma pessoa infectada.
Especialistas consideram que, sim, a transmissão por gotículas expelidas no ar é o jeito mais comum de se contaminar — por isso, a recomendação é de se evitar aglomerações. Mas colocar a mão na boca ou no olho após tocar o guidão de uma bike usada por um estranho pode ser um perigo.
— As pessoas começaram a dar mais atenção ao contágio pela fala porque estavam desrespeitando o distanciamento físico. Logo, essa se tornou a principal forma de contágio. Mas a contaminação de superfícies continuou — observa a bióloga, imunologista e professora de biossegurança da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Melissa Markoski, que atua na área de controle de riscos de agentes infecciosos.
Segundo Melissa, as gotículas projetadas por uma pessoa contaminada podem ter um alcance muito maior durante a prática de exercícios físicos, como pedalar. A estimativa é de que essas gotículas permaneçam nas superfícies durante dois ou três dias. No entanto, em ambientes abertos, com incidência de sol, devem secar em no máximo quatro horas.
O problema é justamente não saber quando a bicicleta retirada da estação foi usada pela última vez. Por isso, a dica é seguir investindo no paninho com desinfetante.
— O vírus pode ficar inerte na superfície. Se a pessoa for desinfetar o local em que for colocar as mãos, ou higienizar as mãos depois, não tem problema. O problema é esse costume ruim que a gente tem de levar mãos à boca, ao nariz e aos olhos — considera o médico infectologista Eduardo Sprinz, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Uma dúvida surge também ao se chegar em casa: é necessário botar as roupas na máquina depois de horas em cima de uma bicicleta em que muita gente sentou?
— Se tu achas que ficou muito exposto a pessoas com potencial de estarem contaminadas, então faz uma higiene nas roupas. Ou deixa as peças separadas em determinado local. Caso contrário, não é necessário — diz o infectologista.