O primeiro dia de vigência das regras da bandeira preta em todo território gaúcho teve a maior parte do comércio não essencial de portas fechadas em Porto Alegre, mas ambulantes espalhados nas principais vias do Centro Histórico. Os protocolos mais rigorosos começaram a valer neste sábado (27) e seguem até o dia 7 de março, numa tentativa de frear o avanço do coronavírus no Rio Grande do Sul.
Na Rua dos Andradas, cinco vendedores se amontoavam no espaço de uma quadra expondo roupas, bonés, acessórios para celular e caixinhas de som na manhã deste sábado. Não havia fiscalização.
Cenário semelhante foi observado nas avenidas Salgado Filho, Borges de Medeiros e Voluntários da Pátria. Por volta do meio-dia, a Guarda Municipal retirou os vendedores irregulares da Andradas.
Mesmo com baixo movimento de pessoas na rua e decreto proibindo a abertura, a Avenida Salgado Filho tinha duas lojas de roupa abertas. Na Otávio Rocha, lojas de celulares, calçados e aparelhos eletrônicos também descumpriam as regras da bandeira preta.
Com o endurecimento das medidas de contenção da covid-19, apenas farmácias, lancherias e supermercados podem atender o público — e com restrições. O chefe da Guarda Municipal admite que nem todos os comerciantes estão obedecendo as novas medidas:
— 90% do comércio que deve estar fechado está fechado. Observamos muito claramente que a circulação de pessoas reduziu na cidade. A imensa maioria do comércio está acatando o que determina o decreto. Poucos estabelecimentos que não podem abrir, abriram. Estamos efetuando algumas orientações — afirma o comandante da Guarda Municipal de Porto Alegre, Marcelo Nascimento.
Além do Centro, o trabalho de orientação da corporação, neste sábado, está focado nos bairros Cidade Baixa e Menino Deus, que concentram pontos comerciais. Nascimento reconhece que o efetivo precisa dar mais atenção aos ambulantes e afirma que, durante à tarde, irá focar a fiscalização em parques e praças.
— Todos que transgridem o decreto precisam ser fiscalizados com o rigor da lei. Temos optado, neste primeiro momento, pela orientação e conversa. Se for necessário, vamos autuar e interditar.
O prefeito Sebastião Melo autorizou na sexta-feira (26) o uso de horas-extras pelo efetivo da Guarda. Nascimento afirma que tem alterado horários e remanejado agentes para fiscalizar as regras impostas pela bandeira preta.
Movimento nos parques
Na orla do Guaíba e no Parque da Redenção, o movimento era abaixo do normal para um sábado de sol, com pessoas praticando exercícios físicos, caminhando e andando de bicicleta. Para evitar aglomeração, a bandeira preta torna proibida a permanência de pessoas em lugares públicos abertos e sem controle de acesso, como ruas, calçadas, parques, praças, faixa de areia e balneários. Tanto na Orla como na Redenção, a restrição não estava sendo comprida na manhã deste sábado.
A Brigada Militar acompanhava a movimentação de pessoas na Orla. Na Redenção, mesmo com quadras interditadas com fitas de isolamento, grupos jogavam basquete e futebol. O uso de máscara segue não sendo obedecido por todos.
Morador do Centro Histórico, o técnico em prótese odontológica Amarildo Morlin, 55 anos, passeava com as duas cadelas no Gasômetro usando a proteção. Ele pegou coronavírus em dezembro, teve sintomas leves, mas, por ser cardiopata, segue se cuidando.
— Não notei diferença no comportamento das pessoas com a bandeira preta. Acredito que as medidas tinham de ser mais radicais para estancar essa doença. É assustador a quantidade de gente sem máscara — opina.
Todas as 21 regiões covid do RS terão de obedecer os protocolos determinados pelo Estado. A vigência da bandeira mais rigorosa do sistema de distanciamento controlado segue até o dia 7.
Mesmo com a bandeira preta em vigor, permanece valendo a suspensão de atividades gerais entre as 20h e as 5h em todo o Rio Grande do Sul, que já estava em vigor desde terça-feira (23) e também seguirá até o dia 7 de março.